Representação em frases

Cedros, excerto 13

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Joana

Texto: -


[1]
INF Normalmente, cozia-se inhames uma vez por semana, ao passo que hoje se coze quando falta,
[2]
porque é nas panelas de pressão,
[3]
porque é [pausa] pouca porção de inhames que se coze.
[4]
INF Mas quando se cozia, [pausa] não havia casa que cozesse inhames que não tivesse a morcela para comer com o inhame quente, no dia que se cozia os inhames.
[5]
[pausa] Também se fazia um outro conduto:
[6]
aproveitava-se tudo
[7]
Mesmo eles diziam: " não se usa do porco o cocó,
[8]
de resto tudo é aproveitado"!
[9]
[vocalização] Derretia-se os torresmos do toicinho
[10]
e tinha um ,
[11]
faziam o do torresmo.
[12]
INF Que era o do torresmo?
[13]
Era aquilo [vocalização] miudito que se desfazia.
[14]
Era, às vezes, bocadinhos de banha.
[15]
A banha e praticamente aquele riçol e aquilo, isso era deitado fora,
[16]
mas umas gordurazinhas que não eram daquelas gorduras tão maciças eram aproveitadas, que se fazia o do torresmo.
[17]
INF De toucinho, sim.
[18]
Por exemplo, a gente agora escorre a banha,
[19]
[pausa] e o que fica no esc-, no, no es- no ralador vai para fora porque não se usa.
[20]
Que aquilo então acredito que fosse muito doentio,
[21]
porque normalmente o do torresmo apanha muito sal.
[22]
INF E aquilo era muito salgado.
[23]
O que é que se fazia para tirar o sal ao torresmo?
[24]
[pausa] Cozia-se a cabeça do porco,
[25]
desmanchava-se a cabeça do porco
[26]
As ore-, a [vocalização] A parte do toucinho punha-se para derreter, a orelha para cozer, salgada;
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o interior da cabeça era cozida num caldeirão, sem sal.
[28]
Depois desfazi- desmanchava-se a cabeça,
[29]
desfazia-se aquele conduto todo,
[30]
fazia-se vinha-de-alhos,
[31]
fritava-se
[32]
e misturava-se com o do torresmo para ir tirar o o sal que o do torresmo tinha.
[33]
Isso era um conduto maravilhoso que hoje pouca gente gosta, mas que naquele tempo era maravilhoso para se comer com o inhame.
[34]
INF E continuava-se a mistura- a chamar de torresmo, com cabeça.
[35]
INF Porque havia [vocalização] havia pessoas que faziam assim
[36]
e havia as pessoas que faziam o do torresmo.
[37]
INF Mas eu nunca me lembro de comer o do torresmo por o motivo de ser muito salgado.
[38]
INF Era gorduroso e salgado.
[39]
E se evitava o diminuía o sal
[40]
porque o outro não tinha sal
[41]
e ia absorver o sal do do torresmo.
[42]
INF Ah, é o paio!
[43]
É o paio do por-.
[44]
É o paio.
[45]
Isso é Isso é [vocalização] um [vocalização] um saco que fica
[46]
Isso é o fim da da tripa.
[47]
Isso é o fim da tripa do, do intesti- do intestino grosso.
[48]
INF Não.
[49]
Não é essa.
[50]
É a do paio!
[51]
INF É a do paio.
[52]
E alguns chamavam paiol.
[53]
Porque, às vezes, havia paioles muito grandes.
[54]
Esse paio, ele havia pessoas que o fritavam na tripa.
[55]
Eu, por mim, sempre o desmanchava
[56]
Cozia a tri- Cozia a morcela dentro do paio,
[57]
mas desmanchava e e fritava era sem sem
[58]
INF fritava o recheio todo à volta.
[59]
Isso chamava-se o paio
[60]
e alguém chamava paiol.

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