Representação em frases
Cedros, excerto 26
Texto: -
INF Mas o moinho há quarenta anos para trás [vocalização] não tinha a utilidade que tem hoje por o seguinte:
todas as casas de lavradores tinham [pausa] a sua atafona de moer.
INF Até que eu há bocadinho disse que o macho que o cavalo só moí- só calivava,
mas o meu pai tinha um macho que moía na atafona.
E metiam-no a [vocalização] a moer na atafona
e aquilo era manso como um cordeiro!
Moía uma moenda sem tempo nenhum.
Moía-se as va-, as [vocalização] as farinhas era nas va- nas atafonas das vacas.
Só quem não tinha gado é que moía na [vocalização] [pausa] no moinho.
Mas havia ainda muita gente que não tinha ele gado, que moí- que ia moer ao moinho.
Então o que se moía no moinho, que era indispensável, era a farinha do trigo.
Do trigo é que [pausa] nas atafonas das vacas pouca gente sabia moer.
Porque o trigo tinha lá uma cerimónia qualquer que não tinha não podia ser moído na [vocalização] nas vacas.
Havia alguém que moía na atafona das vacas
[vocalização] Quando era para se moer uma moenda para o, o moi- trigo para uma função…
que havia ali um moinho então, que isso era…
Porque também a pessoa que moía tinha influência.
Havia pessoa que sabia moer muito bem
e havia outra pessoa que não moía tão bem.
Também dependia do vento que estava.
Também era o dia escolhido…
Ele a pessoa que ia fazer uma função falava com o moleiro:
"Olhe, eu quero moer trigo para uma função".
E ele lá quando via que o trigo estava bom – o vento –, mandava a notícia à pessoa:
que hoje está bom vento".
porque fazia-se funções com dois, três sacos de trigo.
Para moer dois, três sacos de trigo era muito tempo a moer.
E as pessoas juntavam, e vá, dois, três burros com as sacas – com os tais sacos de linho que se enchia o trigo para se ir moer ao moinho.
E [vocalização] depois trazia-se a farinha,
punha-se em lençóis aberta a arrefecer.
Porque aquela coisa do moer com a pedra, ele aquecia a farinha.
Arrefecia Punha-se a farinha aberta em lençóis a arrefecer,
e no outro dia juntava-se um grupo de senhoras a peneirar a farinha [pausa] para a função, [pausa] quer fosse para casamento, quer fosse para serviço.
Portanto, moí [vocalização] peneirava-se a farinha.
Como é que se peneirava a farinha?
[vocalização] Havia três peneiras para peneirar a farinha:
era a peneira de milho, que tirava o farelo;
era a peneira de alva rala, que tirava o rolão;
e era a peneira de trigo, que é que apurava o [vocalização] a farinha [pausa] para [vocalização] para ficar apurada para poder fazer a massa sovada.
[pausa] A peneira de alva rala tirava…
Havia Depois passou-se a usar só duas peneiras: a fina e a de alva rala.
A de alva rala tirava o, o as sêmeas e a [vocalização] [pausa] e o rolão;
e depois era, então passava, a me- a mesma peneira passava duas vezes.
Voltava a passar para tirar o farelo do rolão.
E essa farinha depois era muito bem apertada:
punha-se amarrava-se em lençóis
e punha-se dentro de cestos.
Por exemplo, podia às vezes faltar um mês, ou cinco semanas, para fazer ele a função,
mas que se queria aproveitar o b- o vento, moía-se mais cedo.
INF E não se moía senão trigo e est- e milho.
INF [vocalização] Centeio e isso…
Era farinha de fazer a massa sovada.
INF Farinha da massa sovada, rolão e sêmeas, [pausa] ma e o farelo.
Mas depois ainda as pessoas tiravam as sêmeas
e ainda com essas sêmeas faziam bolo.
INF E depois passaram a deixar as sêmeas junto com o rolão,
e faziam o bolo inch- que se chamava-se o bolo inchado sem [pausa] só com a, com as com o rolão e com as sêmeas.
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