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Cedros, excerto 28

LocationCedros (Horta, Horta)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Joana
SurveyALEPG
Survey year1977
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Ah, estávamos era mesmo nisso.
[2]
INF Portanto, a massa é escaldada e depois amassada.
[3]
É amassada com água quente, fria ou tépida,
[4]
depende.
[5]
Que se escalde o pão e amasse ele logo de pouco tempo depois de ser escaldado, é amassado com água fria para temperar e o calor não ficar muito quente.
[6]
Porque a massa se for amassada muito quente, com água muito quente, queija o pão.
[7]
O pão queijado é mesmo queijado.
[8]
Fica malaçado.
[9]
É um pão que fica dessaboroso.
[10]
[pausa] Portanto, antigamente amassava-se em alguidares de barro, em selhas de cedro.
[11]
Havia uns tanoe-
[12]
chamava-se tanoeiros as pessoas que faziam os vasilhames para se amassar para.
[13]
Hoje ainda poderá haver alguma selha
[14]
mas as pessoas nem as usam.
[15]
A selha era uma coisa que esvaía muito com o calor;
[16]
depois ficava uma costela fora, uma costela dentro,
[17]
[vocalização] metia-se muitas falhas nos de- nas unhas das mãos;
[18]
às vezes falhava-se,
[19]
ficava o sangue a escorrer.
[20]
As panas plásticas são muito mais [pausa] práticas porque são muito lisas n-, n-.
[21]
Mesmo que haja [vocalização] alguidares de barro que ainda os ,
[22]
mas quase que são uma [vocalização] uma coisa de [vocalização] de recordação, de [vocalização] de arquivo,
[23]
não usam .
[24]
As selhas acabaram por desaparecer porque se esvaíram.

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