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Cedros, excerto 54
Text: -
INF O pardal então é uma ave terrível.
Porque vai fazer os ninhos…
[pausa] Este Verão, os meus netos foram acima da casa desta, acima do tabique, por baixo da telha,
e juntaram não sei se foram dois, se foram três baldes cheios de [pausa] de pardalitos, de pardais pequeninos,
que elas foram para lá fazer os ninhos.
E [vocalização] precisávamos de saber como é que elas conseguem levar tanta fo- erva – ervas secas, folhas de foliões folhas…
Por debaixo da telha, por cima do tecto da por cima do tabique,
e lá vão fazer os seus ninhos para ter os pardais.
Mas isso então é recente,
INF [vocalização] É o espigo do trigo, [pausa]
INF e que tem o grão e tem a pragana.
INF Aquela mais Aquela mais áspera que [vocalização] que tinha.
E que cultivava-se também o ce- o centeio, [pausa] e aveia, e a cevada.
[pausa] Porque quase toda a gente cultivava cevada para [pausa] fazer os seus cafés.
Fazia-se O café era feito em casa.
Por exemplo, fazia-se o café com ervilha seca, torrada, com fava torrada…
[pausa] Alguns punham até milho torrado,
que não era então o [vocalização] o café tão saboroso.
O café bom, o que se fazia ele saboroso, era com cevada, ervilha e fava.
E havia até pessoas que faziam maior percentagem e também até levavam à atafona das vacas e moíam na atafona das vacas.
Mas, os primitivos, era naqueles moinhos é que se moía o m- o café.
Havia Ceifava-se com uma foice de mão.
[vocalização] Eram os homens a ceifar…
Havia também senhoras que ceifavam, mas não muitas.
Era normal era os homens a ceifar e as mulheres atrás a amarrar, a fazer os molhos para depois se levar para a eira.
Que eu ainda apanhei [pausa] o começar a debulha com as debulhadoras.
Era a [vocalização] Chamava-se um calcadoiro de trigo, debulhar o calcadoiro.
[vocalização] Havia pessoas que [vocalização] tinham muita terra de trigo, pessoas mais abastadas e que [vocalização] se- [vocalização] debulhavam três, quatro dias no Verão.
Se-, semeava-se o t- [vocalização] Ceifava-se o trigo
e, muitas vezes, havi- também não havia muitas eiras…
Havia pessoas que tinham…
Havia mais trigo do que eiras.
As pessoas faziam os relheiros do trigo;
e ficava na terra [pausa] à espera; muitas vezes, à espera que fizesse bom tempo, outras vezes à espera que tivesse lugar na eira para [vocalização] para debulhar o trigo.
Portanto, o dia de ceifar o trigo, havia quem ceifava de manhã à noite
porque aqui jantar é a refeição do meio-dia.
[vocalização] Mas também havia pessoas que só ceifavam da parte da tarde;
da parte da tarde iam ceifar o trigo.
Outras vezes, debulhava-se o trigo
e, se era um dia de muito bom tempo e de muito bom vento, ainda dava tempo de se debulhar o calcadoiro e limpar e à tarde ir ceifar um bocadinho do trigo.
[pausa] Mas [pausa] ceifa- debulhava-se o trigo na eira com dois, três dois trilhos.
Normalmente era dois trilhos;
quando era uma eira maior, era com três juntas de vacas e três trilhos.
Aquilo era a festa da rapaziada,
porque quando aquilo estava a correr bem, que já o trigo estava mais calcado, que se estava só ali a moer a palha, as crianças iam para cima dos trilhos, andar-se nos trilhos.
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