Representação em frases

Cedros, excerto 54

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoA ceifa, a debulha e a desfolhada
Informante(s) Joana

Texto: -


[1]
INF O pardal então é uma ave terrível.
[2]
Porque vai fazer os ninhos
[3]
[pausa] Este Verão, os meus netos foram acima da casa desta, acima do tabique, por baixo da telha,
[4]
e juntaram não sei se foram dois, se foram três baldes cheios de [pausa] de pardalitos, de pardais pequeninos,
[5]
que elas foram para fazer os ninhos.
[6]
E [vocalização] precisávamos de saber como é que elas conseguem levar tanta fo- erva ervas secas, folhas de foliões folhas
[7]
Ervas secas!
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Por debaixo da telha, por cima do tecto da por cima do tabique,
[9]
e vão fazer os seus ninhos para ter os pardais.
[10]
Mas isso então é recente,
[11]
é de poucos anos.
[12]
INF [vocalização] É o espigo do trigo, [pausa]
[13]
INF e que tem o grão e tem a pragana.
[14]
INF Aquela mais Aquela mais áspera que [vocalização] que tinha.
[15]
E que cultivava-se também o ce- o centeio, [pausa] e aveia, e a cevada.
[16]
[pausa] Porque quase toda a gente cultivava cevada para [pausa] fazer os seus cafés.
[17]
Fazia-se O café era feito em casa.
[18]
Por exemplo, fazia-se o café com ervilha seca, torrada, com fava torrada
[19]
[pausa] Alguns punham até milho torrado,
[20]
que não era então o [vocalização] o café tão saboroso.
[21]
O café bom, o que se fazia ele saboroso, era com cevada, ervilha e fava.
[22]
INF Sim, era.
[23]
Era com esse.
[24]
E havia até pessoas que faziam maior percentagem e também até levavam à atafona das vacas e moíam na atafona das vacas.
[25]
Mas, os primitivos, era naqueles moinhos é que se moía o m- o café.
[26]
Era.
[27]
Torrava-se o café e
[28]
INF Das ceifas.
[29]
INF Ceifar o trigo.
[30]
INF Era uma foice.
[31]
Havia Ceifava-se com uma foice de mão.
[32]
[vocalização] Eram os homens a ceifar
[33]
Havia também senhoras que ceifavam, mas não muitas.
[34]
Era normal era os homens a ceifar e as mulheres atrás a amarrar, a fazer os molhos para depois se levar para a eira.
[35]
Que eu ainda apanhei [pausa] o começar a debulha com as debulhadoras.
[36]
Era a [vocalização] Chamava-se um calcadoiro de trigo, debulhar o calcadoiro.
[37]
[vocalização] Havia pessoas que [vocalização] tinham muita terra de trigo, pessoas mais abastadas e que [vocalização] se- [vocalização] debulhavam três, quatro dias no Verão.
[38]
Se-, semeava-se o t- [vocalização] Ceifava-se o trigo
[39]
e, muitas vezes, havi- também não havia muitas eiras
[40]
Havia pessoas que tinham
[41]
Havia mais trigo do que eiras.
[42]
As pessoas faziam os relheiros do trigo;
[43]
enrelheiravam o trigo
[44]
e ficava na terra [pausa] à espera; muitas vezes, à espera que fizesse bom tempo, outras vezes à espera que tivesse lugar na eira para [vocalização] para debulhar o trigo.
[45]
Portanto, o dia de ceifar o trigo, havia quem ceifava de manhã à noite
[46]
e dava jantar
[47]
porque aqui jantar é a refeição do meio-dia.
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[vocalização] Mas também havia pessoas que ceifavam da parte da tarde;
[49]
da parte da tarde iam ceifar o trigo.
[50]
Outras vezes, debulhava-se o trigo
[51]
e, se era um dia de muito bom tempo e de muito bom vento, ainda dava tempo de se debulhar o calcadoiro e limpar e à tarde ir ceifar um bocadinho do trigo.
[52]
[pausa] Mas [pausa] ceifa- debulhava-se o trigo na eira com dois, três dois trilhos.
[53]
Normalmente era dois trilhos;
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quando era uma eira maior, era com três juntas de vacas e três trilhos.
[55]
Aquilo era a festa da rapaziada,
[56]
porque quando aquilo estava a correr bem, que o trigo estava mais calcado, que se estava ali a moer a palha, as crianças iam para cima dos trilhos, andar-se nos trilhos.

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