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Ribeira Seca, excerto 9
Text: -
INF1 Antigamente a gente não usava isto.
INF1 A gente antigamente não se fazia isto.
Nem havia burras [pausa] de milho.
INF1 O milho que havia era todo para secar.
Só se pendurava o milho que era para semente.
INF1 A gente, por exemplo, deixa semente em milho para semear para o ano.
Porque – já sabe – para o ano, não se não deixar semente, não tem que semear.
Mas então deixava era em maçarocas –
a gente dizia uma cambada.
Íamos, às vezes, visitar o Menino Jesus –
não sei se a senhora sabe o que é?
INF1 É no primeiro dia do ano,
vai-se visitar o Menino Jesus.
INF1 E antigamente – já sabe – não havia fartura como há hoje em dia.
Muitas pessoas levavam uma cambada de milho;
muitas crianças levavam milho;
INF1 outros levavam batatas-doces;
outros levavam batatas da terra.
Eu também já levei duas cambadinhas de milho
e ia bem presunçosa visitar o Menino Jesus!
A gente dizia que era cambada de milho.
INF2 Ou camb- Ou cambulhões ou cambadas,
mas só que aquilo é mais…
INF2 Eu não sei porque que nunca fiz então daquilo, daquelas para guardar milho.
INF1 Sabe ajuntam a casca ali duma mancheia de maçarocas
INF1 e [vocalização] e dobram assim uma coisinha
INF1 e passam assim uma corriola ali de roda
INF1 Hoje é mais porque [pausa] adianta mais.
A gente usava a botar quatro maçarocas em cada em cada cambada;
se fosse seis, já era apertadinho.
INF1 Se, por exemplo, a cozinha na era…
Porque antigamente era assim desta maneira, dentro, já desenripada,
A gente dependurava nos tirantes.
INF1 Os ratos, às vezes, iam lá
Risos Era para irem adiante.
Os ratos, às vezes, iam lá
e faziam um buraco no coisa para ir comer.
Mas a gente pendurava aquilo em casa ou se.
A gente lá não tinha palheiros que prestassem.
A gente tinha medo de o furtarem.
nem sequer era na cozinha,
era lá para fora, nos quartos da cama, nos tirantes.
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