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Ribeira Seca, excerto 14

LocalidadeRibeira Seca (Calheta, Angra do Heroísmo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Idalinda

Text: -


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[1]
Mataram-no.
[2]
INF Nem sequer foi
[3]
Não Não foi morte natural,
[4]
mataram-no.
[5]
Apareceu morto.
[6]
INF Não se sabe.
[7]
Ainda andaram para saber quem é que tinha sido e quem não,
[8]
mas não
[9]
Era um desgraçado, coitado!
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Não tinha ninguém.
[11]
INF Era.
[12]
E era muito boa pessoa.
[13]
Não era pessoa de fazer mal nenhum a ninguém e ninguém.
[14]
E havia um também ali no lado da Calheta que se chamavam o Heraldo.
[15]
Ah, que ele Aquele também tocava e e mandava e cantava que consolava!
[16]
Eu uma vez estava na sociedade
[17]
Nosso Senhor Jesus Cristo se esqueça por mor de eu nem sequer a ver ali na televisão
[18]
porque eles vão conhecer a minha voz.
[19]
INF Ele estava Ele estava uma vez na sociedade
[20]
e o meu pai era amigo de beber uns copinhos.
[21]
E eu fui mais ele.
[22]
As minhas irmãs nem por isso gostavam de ir.
[23]
Mas eu ia então sempre mais ele, quer ele tivesse bebido, quer não tivesse eu à-.
[24]
Muitas vezes eu estava na cama
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e levantava-me para ir mais o meu pai.
[26]
INF Ele chegava,
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ele dizia: "Ó Idalinda, não queres ir ao baile"?
[28]
Eu dizia: "Quero,
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pois eu mesmo não tenho sono,
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eu quero ir".
[31]
Mas eu não dormia para ver se ele chegava para ver se eu ia ao baile.
[32]
E [vocalização] E fomos para o baile,
[33]
e estava esse tal Heraldo.
[34]
Também enforcou-se.
[35]
INF Ele então mesmo é que se enforcou.
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E ele tinha uma bebidinha,
[37]
mas não era muito.
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E ele foi pedir umas quantas pessoas para, umas quantas raparigas para ir bailar
[39]
e ninguém quis ir com ele.
[40]
INF Porque como ele tinha uma bebidinha, como era assim [vocalização], coitado, mais um pobre, não [pausa] quiseram ir com ele.
[41]
E o meu pai, foi ele acho que foi para a cozinha.
[42]
E eu, se sabe, estava fora no salão, não sei.
[43]
Mas julgo que ele que foi para a cozinha
[44]
e disse que não ia bailar,
[45]
não ia mandar o baile,
[46]
porque não tinha quem fosse com ele.
[47]
E ele E o meu pai disse: "Anda
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que tu tens um par para ires".
[49]
E eles O meu pai chegou com ele ao de mim,
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e disse: "Vai bailar com este senhor".
[51]
Eu disse: "Por qual a razão não hei-de ir?
[52]
Ele é um homem como outro qualquer".
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E levantei-me
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e, e e pus-me ali à frente dele.
[55]
Porque a gente sabe
[56]
quando vai bailar, vai
[57]
INF Olha, fui.
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E depois o meu o meu pai então é que disse.
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Ele disse que ele foi dentro dizer que não ia porque ele disse a umas quantas
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Foi verdade que eu vi ele dizer a umas quantas
[61]
e nenhuma quis ir com ele, como ele tinha [vocalização] uma coisa de bebida.
[62]
Mas olha, ele mandou-a
[63]
e cantou-a
[64]
e bailou-a, o mesmo que nada o mesmo que não tivesse bebida nenhuma.
[65]
À [vocalização] Portou-se melhor do que outros que estivessem .
[66]
INF E olhe, [vocalização] ainda depois de ele bailar esse baile, ele veio-me pedir para eu ir dançar mais ele,
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e eu fui.
[68]
E ele dançou e cantou-a mais eu
[69]
Eu não cantei.
[70]
Mas Não cantei porque não quis
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porque eu também sabia cantar.
[72]
Eu naquele tempo sabia cantar.
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Hoje em dia não sei,
[74]
mas naquele tempo sabia.
[75]
INF Mas não cantei porque eu não quis.
[76]
Mas ele dançar, ele dançava que ele consolava!
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Era tão leve no dançar, tão leve,
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aquilo era um pezinho levinho que aquilo consolava!

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