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Ribeira Seca, excerto 22

LocationRibeira Seca (Calheta, Angra do Heroísmo)
SubjectA criação de gado
Informant(s) Idalinda
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Isto aqui?
[2]
É a rua.
[3]
INF Pronto.
[4]
INF A rua da cozinha, a rua da sala fora.
[5]
An- Antigamente, quer dizer, hoje em dia, as salas,
[6]
vem tudo para a cozinha,
[7]
as salas não servem de nada.
[8]
As cozinhas é que têm são [vocalização] bem amanhadas,
[9]
não é como a minha,
[10]
porque a minha é muito mal amanhada.
[11]
Mas eu não me importo
[12]
porque eu não tenho com que a amanhar melhor.
[13]
Ela está muito [vocalização] por pouco tempo.
[14]
INF Mas, quer dizer, a gente diz:
[15]
"É a rua da cozinha".
[16]
INF É a horta.
[17]
INF A horta de semear.
[18]
INF Pois, ele diz-se horta
[19]
e diz-se aposento.
[20]
Sei .
[21]
"Aquilo tem aquele aposento;
[22]
aquele tem [vocalização] outro aposento".
[23]
Quer dizer, dizem horta
[24]
e dizem aposento, quer dizer,
[25]
INF tudo a mesma coisa.
[26]
É.
[27]
INF É, sim senhora.
[28]
Mais fora, é pasto
[29]
ou é terra de lavrar ou
[30]
INF Aqui isto é os currais dos porcos.
[31]
Eram os currais dos porcos.
[32]
Agora está em cerca de galinha,
[33]
mas era
[34]
Quando a gente A gente acrescentou a casa para aqui.
[35]
INF Porque acrescentámos o, a
[36]
Ali eu acrescentei e aqui a cozinha.
[37]
Ela tinha aquelas duas janelicas de .
[38]
E a cozinha era para trás
[39]
e a gente acrescentou-a.
[40]
E então no tempo que acrescentámos, aproveitámos
[41]
e fizemos os currais.
[42]
INF É o chiqueiro.
[43]
INF Aqui.
[44]
INF Quando se fez ele o curral, fez-se aqui [vocalização] chama-se a pia.
[45]
INF De deitar comida.
[46]
Agora as galinhas Está agora a [vocalização] servir as galinhas
[47]
Isto aqui também tinha uma pia.
[48]
INF que eu tive aqui uma cabra
[49]
e [vocalização] e então esmigalhou-se a pia para a cabra entrar para dentro e para fora, para eu a ir botar a comer.
[50]
E tapou-se a [vocalização], quer dizer
[51]
Pois era,
[52]
porque o porco saía era por acolá.
[53]
Um ano, a gente tínhamos um tanto gordo que foi preciso partir acolá uma nisca,
[54]
que ele não cabia para ir para a outra banda, para se matar.
[55]
Mas E aquilo chama-se o chiqueiro.
[56]
INF Era.
[57]
INF As galinhas, costuma-se a dizer que é a cerca das galinhas.
[58]
Mas eu, o que eu digo sempre é "o curral do porco",
[59]
porque estou acostumada.
[60]
INF Mas, por exemplo, para quem não as tenha aqui, que faça uma coisa, diz: "É a cerca das galinhas".
[61]
INF É, é um z- É uma abelha.
[62]
INF Sim.
[63]
INF É a porca.
[64]
INF Pois.
[65]
INF Quando nasce um pequenino, pois se nasce
[66]
INF Chama-se os porquinhos,
[67]
porque são pequeninos.
[68]
INF Sim.
[69]
São os porquinhos,
[70]
porque são deste tamanhico.
[71]
Mas são [vocalização] têm, às vezes, a dezassete, e a e a dezoito, e a dezanove.
[72]
INF Ainda [vocalização] pouco tempo que nasceu ali em baixo, no Vale Frio, numa casa que tem ali, que nasceu dezoito porcos.
[73]
Porcos e porcas.
[74]
Quer dizer, aquilo tanto nasce dum nu- duns
[75]
Mas, em geral, vem mais porcas do que porcos.
[76]
Não sei porque seja!

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