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Covo, excerto 11

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

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[1]
INF Mas sabe o que foi?
[2]
Eles depois escolheram as terrinhas que estavam melhores,
[3]
mais bem feitas, mais preparadas nas folhas, melhores, eles ficaram com elas.
[4]
E eu fiquei com aquilo que eles não queriam.
[5]
Mas eu, que é que eu fiz?
[6]
Fi- [vocalização] Cultivei-as,
[7]
preparei-as
[8]
INF Olhe, eu, eu ficaram melhores!
[9]
INF Eles, eles podem-me dar duas folhas das deles,
[10]
que eu não dou uma das minhas.
[11]
"Ah, mas o meu irmão"!
[12]
Olhe que eu alevantava-me de noite para à quê? , para às quatro horas, quando se visse,
[13]
e ia p- e ia para o, para o a gente é surribar! fazer leiras, fazer bocados.
[14]
INF Pois.
[15]
INF É surribar.
[16]
INF É.
[17]
É surribar.
[18]
Suponhamos isto aqui:
[19]
começa-se a surribar,
[20]
faz-se um bocado, pronto,
[21]
é surribar.
[22]
INF Isso, isso, isso.
[23]
E eu agarrei-me àquilo,
[24]
comecei a trabalhar, a trabalhar
[25]
Andei na floresta
[26]
olhe que botei a Padruça,
[27]
vim ali à Feixa adonde a casa da água ,
[28]
andei por .
[29]
Mas quê?
[30]
Olhe, eu ganhava naquele tempo quinze escudos.
[31]
Eu e todos.
[32]
INF Era o meu ordenado era quinze escudos.
[33]
Ora ganhava quinze escudos,
[34]
ia comprar o milhito,
[35]
ia comprar o milho para para moer, para co- para cozer para comer,
[36]
ao fim de [vocalização] quatro, cinco dias, um alqueirito de milho [vocalização], começava a minha mulher: "Ó Arquibaldo!
[37]
Ai Jesus!
[38]
temos três broas"!
[39]
" temos quatro broas"!
[40]
e eu, pronto.
[41]
"E agora onde é que vamos buscar o dinheiro"?
[42]
E juros em cima de mim!
[43]
Chegava-se a um ano passava-se num instante , os juros a sete por cento
[44]
INF Eu ia arranjando,
[45]
poupo daqui um bocadito,
[46]
chegava ,
[47]
não
[48]
Nunca deixei juntar os juros.
[49]
Ia pagando,
[50]
pagando, pagando, fui.
[51]
Depois aborrecemo-nos com um guarda que havia aqui,
[52]
[pausa] aborreci-me
[53]
, e fui
[54]
e disse: "Pronto!
[55]
Vou deixar de de andar na floresta".
[56]
Agarrei-me então à agricultura,
[57]
fiz [vocalização] uma quinta, olhe, dacolá daquesses, em direcção daquele posto de [vocalização] telefone, naquele naquele corte que tem aquela
[58]
Chamam aquilo
[59]
INF [vocalização] Aqui à nossa frente.
[60]
INF À frente daquele meu bocado grande, em cima, em cima.
[61]
Não tem na frente [vocalização] daquele bocado grande,
[62]
não tem ali uma u-, u-?
[63]
INF Não, não.
[64]
Ele não é as couves.
[65]
As couves é ainda mais para cima.
[66]
É fo- fora da parede,
[67]
não tem ali
[68]
INF um um?
[69]
Chamam a gente aquilo uns carrasqueiros.
[70]
INF Dali você uma quinta que eu fiz em baixo,
[71]
INF que dá-me noventa alqueires de milho e dá-me duas pipas de vinho.
[72]
INF Surribei aquilo tudo de noite!
[73]
INF Tudo de noite!
[74]
INF A terra é minha.
[75]
INF Sozinho.
[76]
INF Coitada!
[77]
Ela, ela Ela cuidava cuidava das vaquitas
[78]
INF e do m- e do meu filho, que hoje é um homem .
[79]
Era pequenito!
[80]
INF E ela, coitada, fazia as voltitas,
[81]
fazia-me o comer
[82]
e ia-mo levar
[83]
INF Então não trabalham?!
[84]
Ai, minha senhora, trabalham mas trabalham!
[85]
Mas é a trabalhar,
[86]
não é a dizer que [vocalização]
[87]
Trabalham.
[88]
Trabalham até bem muito!
[89]
Depois eu agarrei-me àquilo,
[90]
comecei a surribar,
[91]
comecei a meter gadito [vocalização]
[92]
Tinha vacas, uma bezerrita;
[93]
depois comecei a ter duas vacas,
[94]
depois passei a três,
[95]
passei a quatro,
[96]
foi indo,
[97]
foi indo,
[98]
foi indo,
[99]
aquilo começou a aumentar,
[100]
o meu filho criou-se!

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