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Covo, excerto 11
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Foi a [vocalização] Foi para a tropa –
assentou praça em Aveiro,
Olhe, quando arrebentou aquilo lá na Angola,
INF estava ele mobilizado para lá.
Estava ele mobilizado já para lá.
E eu arranjei com uma senhora em Viseu, [pausa] a senhora Berenice,
[pausa] e ele mandou-me uma carta…
Naquele tempo nem havia telefone,
e ele que me mandou uma carta:
"Pai, venha-se [vocalização] venha-se despedir de mim,
que eu vou [pausa] segunda-feira"…
Isto foi numa sexta-feira.
"Que eu segunda-feira vou para a vou para fora,
Bem, e aqui n- no povo quan-…
Eu tenho dois dias de água durante a semana.
Mas naqueles dias de água, ninguém vê rega um talhadoiro de água senão eu.
Naqueles dois dias, a água é só minha!
Ninguém Ninguém vai regar.
A água [pausa] é toda minha.
[pausa] "Ai, isso agora como é que vai ser"?
Mas o pedido dele, do meu filho, era um padre que havia em Manhouce, que é o padre Artur,
era primo do Governo Civil de Viseu.
já, já, já, vai vai ao [vocalização] a Manhouce
e diz ao padre que vá para Viseu, que o moço que vai embora" –
isto foi numa sexta-feira –,
"que segunda-feira que ele que vai embora.
Que eu, [pausa] acabo de regar esta água"…
passei à ponte de Teixeira…
Ah, eu a chegar à ponte de Teixeira e a camioneta a chegar;
se eu demorava um bocadito, até urinar, já não já não apanhava a camioneta.
entrei para dentro da carreira,
Eu a chegar ao quartel e o padre e o Governo Civil a sair do quartel para fora.
Saíram do quartel para fora,
digo eu assim: "Ó senhor abade, então"?
Diz ele: "Ó Arquibaldo, [pausa] já ninguém acode ao teu filho"!
caminhou lá o caminho dele
e o padre ficou, a conversar mais eu:
"Olha que ninguém acode ao teu filho.
Mas que há-des tu fazer?!
Tem que se confortar"… e tal, tal.
Aquelas conversas a mim não, não não gostava delas.
INF Depois eu vou assim: "Ai, agora como é que me aca- acabam de vez com ele"!
Olhe que eram quatro horas
Quatro horas da tarde, [pausa] ali em Agosto,
Digo assim: "Ó senhor abade, eu quero comer".
Diz ele: "Olha que eu também estou só com o café".
Por sorte, entramos assim,
só atravessava-se uma rua,
e estava ali um restaurantezito, um uma coisa mais [pausa] pobre.
Estava Veio ali uma rapariga muito linda servir-nos.
E eu disse para ela assim: "Olha lá, tu não sabes aqui quem é que em Viseu pode dar um jeito a um rapaz [vocalização] que está para ir para fora
e esse homem é é o único filho
e e se ele vai embora, que há-de ser de mim e da minha mulher"?
agachou-se assim [vocalização] –
o padre estava dacolá [pausa] da mesa
ela [vocalização] chegou-se a mim:
"Olhe, tem aqui uma senhora, que é a senhora Berenice,
se essa não lhe valer, não vejo quem é que lhe vaila".
Digo eu assim: "E onde é que ela mora"?
"Olhe, você vê aquela porta –
enviscou-se assim um bocadinho –,
olhe, aquela porta, você vá p- àquela porta
No segundo andar, à direita, ela mora lá".
Digo eu assim para o padre: "Ó senhor abade, vá lá.
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