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Covo, excerto 13

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF Esteve.
[2]
Esteve
[3]
INF Oito anos.
[4]
INF Estava casado.
[5]
estava casado.
[6]
INF Não, não, não.
[7]
Ela ficou sempre a trabalhar para nós
[8]
e [vocalização] trabalha.
[9]
Ela não.
[10]
Ela foi sempre uma mulher de trabalho,
[11]
agarrada ao trabalho, cria vacas
[12]
e [vocalização] é uma mulher amiga de [vocalização] ter, pronto!
[13]
INF É uma mulher
[14]
Olhe, ele, em classe de mulher, não arranjava melhor que aquela,, [pausa] para trabalhar.
[15]
E não a queria!
[16]
INF Quem o obrigou a casar com ela fui eu.
[17]
[pausa] Sabe?
[18]
Não a queria
[19]
porque ele
[20]
[pausa] Ele namorava-a
[21]
e ele tinha dezassete anos
[22]
e namorava-a,
[23]
mas quem me disse foi um vizinho meu:
[24]
"Eh rapaz, o teu filho namora a Beatriz".
[25]
E ele era novito!
[26]
Ele com dezassete anos,
[27]
mas era miúdo.
[28]
"Tu és tolo!
[29]
olha que eu, olha que ele vai, não, olha que eu Ele é um canalha, o teu filho"!
[30]
"É verdade!
[31]
Mas se não é, tu espreita.
[32]
Tu"
[33]
[vocalização] Nessa quinta que eu fiz, olhe, ela ela então andava a passar leite.
[34]
Vinha aqui buscar o leite para levar para a fábrica para a Lomba.
[35]
Diz ele: "Olha, tu vai espreitar
[36]
que ela vai [pausa] de manhã, bem cedo,
[37]
e ele vai para a erva"
[38]
A minha mulher [vocalização] sofria muito das anginas
[39]
e, às vezes, ficava para oito dias ou quinze dias sem sair da cama, [vocalização] mal da garganta, coisa.
[40]
E depois ele ia,
[41]
pegava numa corda e numa foucinha
[42]
e abalava para a erva.
[43]
E chegava
[44]
isso ele ninguém enganava ,
[45]
chegava
[46]
e ela vinha cedo,
[47]
e ele chegava,
[48]
ela chegava
[49]
E outras vezes, escondiam a foucinha
[50]
e ela vinha cedo:
[51]
zumba,
[52]
zumba, zumba, apanhava-lhe um molho de erva,
[53]
e e pegava no molho, ela,
[54]
e ele vinha com o latãozito na mão,
[55]
e vinha por fora.
[56]
Chegava ali onde eu tenho o palácio, que é ao fun-, ali ao fu-, ali no no lugar,
[57]
e ela chegava ,
[58]
dava-lhe o molho a ele
[59]
e ele pegava no molho
[60]
e ela pegava no no latão
[61]
e ela dava volta ao lugar [vocalização] a levar o leite
[62]
e ia ele vindo.
[63]
E ela ch- chegava
[64]
e se ele estivesse salvava-o,
[65]
ia-lhe a salvar
[66]
e vinham eles ambos os dois.
[67]
Sabe?
[68]
Depois ele disse-mo
[69]
e eu fui
[70]
e disse-lhe para ele assim: "Olha, rapaz, eu ouço dizer que tu que namoras a Beatriz.
[71]
Olha que ela é pobre.
[72]
Olha que ela é pobre.
[73]
Que são seis filhos,
[74]
é uma casa [vocalização] pobre, vês?
[75]
Eu achava melhor ver se arranjavas uma mulher que tivesse tanto como a ti.
[76]
Ou [vocalização] que não tivesse tanto, mas ao menos metade [pausa] do que tu tens".
[77]
Sabe o que me ele disse?
[78]
"E você não casou com uma mulher sem nada"?!
[79]
Que eu também casei com uma mu- com uma criada de servir.
[80]
INF Digo assim: "Olha, foi verdade, rapaz!
[81]
Foi verdade!
[82]
E eu governo-me.
[83]
E governei-me
[84]
e governo-me.
[85]
E tu, também, eu não te digo que não cases com ela.
[86]
Eu não te Eu não te digo que tu não cases com ela!
[87]
O que é que se tens se tiveres [pausa] comes;
[88]
se não tiveres, passas sem ele
[89]
que eu também assim fiz"!
[90]
, [pausa] Calou-se.
[91]
Dali por um mês, um mês, uns quinze dias, um mês, o pai dela a tratar o casamento com a gente, [pausa] à noite.
[92]
A minha mulher não queria que ele casasse com ela.
[93]
Vai
[94]
e, e e ele disse-me aquilo
[95]
e eu fui-me enfiar na cama,
[96]
que estivemos a conversar eu mais ela,
[97]
e eu disse-lhe: "Olha, não adianta nada;
[98]
o Arquimedes vai casar com a Beatriz".
[99]
"Ai, e o que ela fez"!
[100]
"Pscht, cala-te!

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