Representação em frases

Covo, excerto 19

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

Texto: -


[1]
INF Eu tenho dito para o meu filho e para muita gente e, às vezes, rapazes: "Olhai rapazes,
[2]
olhai que [pausa] nós estamos na fim do mundo.
[3]
[pausa] E diz que o E diz que o mundo que há-de ser qua-
[4]
Dizia o homem!
[5]
E dizia o homem, que ele lia nesses livros que diziam que o mundo que há-de ser destruído pelo fogo.
[6]
A gente não sabe.
[7]
INF ?
[8]
Diz que há-de ser destruído pelo fogo e coisa.
[9]
Que E eu E eu me tem lembrado, senhora Gabriela, por o seguinte:
[10]
pois será o mundo acabado pelo fogo,
[11]
mas é os homens que o acabam.
[12]
Lembra-me:
[13]
os homens é que acabam com o mundo!
[14]
INF E- Eu penso.
[15]
INF Pois.
[16]
É ou não é?
[17]
E olhe , uma uma
[18]
INF Inventam e essas coisas, as ba- as ba-
[19]
INF É!
[20]
Aquelas bombas.
[21]
Olhe , e diz que se cair se cair uma bomba atómica em Lisboa que a gente aqui que também morre.
[22]
INF Então, está a ver?
[23]
INF Então, quer ouvir:
[24]
está provável que que o mundo acabe.
[25]
INF Porque ele não se compõe.
[26]
Ele não se compõe.
[27]
Em todas as nações estas, estas estas poucas-vergonhas, onde ainda ele [pausa]
[28]
INF algum tempo nunca se constava disto!
[29]
Lembra-me, do meu tempo, a guerra de 14.
[30]
INF Em 14, foi aquela guerra grande
[31]
INF na, na na França.
[32]
Um primo meu andou desde o princípio ao fim.
[33]
Que era o
[34]
E depois contava o que se passou, coitado.
[35]
Contava.
[36]
E ele dizia: "Olhai que [pausa] eu vi-me tão"
[37]
Era artilheiro;
[38]
a arma dele é era artilharia.
[39]
Diz ele: "Eu vi-me tão atrapalhado!
[40]
Olhe que eu, eu e mais dois colegas meus e o e um comandante, chegamos a meter dentro dum cemitério, e virem as granadas
[41]
e arrancavam os caixões.
[42]
INF Sabe?
[43]
Ele dizia isso!
[44]
Ele contava isso para nós;
[45]
que andou
[46]
e contava.
[47]
E dizia: "Vocês, lembrai-vos:
[48]
se houver uma guerra qualquer, estes ou o mundo ele destrói"
[49]
Suponhamos, uma guerra em Portugal ou que venha de fora de Portugal ,
[50]
vêm a Lisboa,
[51]
arrasam Lisboa,
[52]
nós aqui também ficamos.
[53]
INF Mais nada!
[54]
Não vale nada!
[55]
INF Não vale nada!
[56]
E eu conven- convenço-me do que o homem dizia por isso.
[57]
E eu lembra-me assim:
[58]
não foi,
[59]
não é,
[60]
não pode ser
[61]
que Deu- Deus Nosso Senhor não ia matar tanta gente.
[62]
Aquilo, os homens é que acabam co-, co-, ca- acabam com o mundo.
[63]
INF Sabe?

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