Representação em frases
Covo, excerto 20
Texto: -
INF1 Vinha cá quando morreu a minha mãe…
Olhe que a minha mãe morreu num dia – no dia três de Junho – e um tio meu no dia quatro.
INF1 Veio o padre para enterrar a minha mãe,
estavam ambos os dois mortos em casa.
, [pausa] Olhe que foi duro!
dois inventários, porque nós era tudo menor,
só só ele é que era o mais velho,
é que tinha é que era de maior idade, [vocalização] pronto.
Aquilo [pausa] meu amigo!
E ele tanto que viu ele aí sempre a pedirem dinheiro ao meu pai,
Eh rapaz", – veio lá a nossa casa e disse para o meu pai – "eh rapaz, eu vejo-te gente sempre aí a pedir o dinheiro,
se tu quiseres faz-me uma escritura de quanto tens
e eu [pausa] e eu pago a tua dívida".
O meu pai começou a chorar.
Homem, ó senhoras, olha que eu não tenho passado d- das duras!
e disse: "Então e que há-de ser dos meus filhos?
Temos uns lugaritos onde temos o gado".
Diz ele: "E casas e [nome]".
Queria uma escritura em tudo quanto quanto ele tinha.
INF1 O meu pai começou a chorar e a dizer assim: "E [vocalização] os meus filhos"?
Diz ele assim: "Eu não quero saber dos teus filhos.
Empresto-te o dinheiro e"…
Mas ele queria era as terras.
INF1 Eu já era um rapazinho com os meus dezasseis anos [pausa] –
Ele com dezasseis anos era novo, naquele tempo.
Um homem com dezasseis anos…
e ainda ia para as festas descalço, homem.
ia para a para as festas [pausa] descalço.
A senhora sabe o que é uma festa?
INF1 Há muita gente e arraiais e tudo.
INF1 Quase Quase toda a gente.
Mas naquele tempo eram todos.
E a E o meu pai comprou-me umas botas
e aquelas botas levaram-me a Lisboa.
[pausa] Com catorze anos comprou-me umas botas
e aquelas botas levaram-me a Lisboa, sabe?
comecei eu de volta do meu pai: "Ó pai, eu que- eu tenho que ir para Lisboa!
Eu tenho que ir para Lisboa"!
Para onde é que tu vais?!
E olha que um homem para lá, 'há-dem-lhe' dar uma bofetada e apanhar outra".
Quer dizer, que fosses já um homem!
"E tu és tão tão fraquinho!
Para onde é que tu vais"?
Disse: "Já há-de ser o que for.
E, olhe, eu, ou hei-de pagar as suas dívidas
INF1 E depois assim foi – sabe? –,
e paguei aquilo tudo, sabe?
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