Representação em frases

Covo, excerto 26

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo Bigail

Texto: -

[1]
INF1 E outra vez, o meu pai…
[2]
Ele, por vezes, estava sempre a contar que uma vez vinha de de Vale
[3]
de Cambra e chegou ali à às Penhas da Felgueira um que chamavam-lhe o Assis.
[4]
INF2 Sei.
[5]
INF1 Olha, o pai do pai daquele daquele Assírio das cortes.
[6]
INF2 Sim, sim, sim.
[7]
INF1 Chamavam-lhe o Assis.
[8]
INF2 Pois chamavam.
[9]
INF1 E o meu pai vinha de noite, já tarde de noite, com uma camada de neve,
[10]
e vinha de lá para cima,
[11]
e chegou lá
[12]
e esse homenzito andava a pedir, a mendigar, a pedir uma esmola aqui, outra esmola acolá.
[13]
Andava a mendigar.
[14]
Ele chegou lá
[15]
e ia ele no carreirito
[16]
e o homem estava a morrer.
[17]
O meu pai botou-lhe a mão para cima:
[18]
"Eh, patrão!
[19]
Eh, patrão!
[20]
Eh, patrão"!
[21]
Conheceu-o.
[22]
E ele foi
[23]
e [vocalização] a gente não já não falava.
[24]
Só Só mexia com uma perna.
[25]
O meu pai volta para trás
[26]
e foi à Felgueira chamar…
[27]
E conheceu logo que- quem ele era
[28]
e foi ter com a à casa do filho
[29]
e disse:
[30]
"Eh rapaz, olha que o teu pai está ali arriba a morrer".
[31]
Ele [pausa] começou a chamar,
[32]
vieram uns à Felgueira para cima,
[33]
chegaram lá, mais o meu pai,
[34]
ainda mexeu com a perna na mesma.
[35]
O homem morreu com o frio, de noite!

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