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Covo, excerto 29

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo Bigail Bertolino Acácio

Text: -


[1]
INF1 Ah, hoje é tudo em serração,
[2]
mas naquele tempo era tudo à mão.
[3]
INF1 E eu mais o meu pai
[4]
eu era pequenino, mais ou menos como este,
[5]
mas nunca mais me esqueceu ,
[6]
e o meu pai foi a pôr um moinho [pausa] de água que nós temos em baixo.
[7]
Ele foi levar o milho,
[8]
um saco de milho, e eu também levei um bocadito o que eu podia! ,
[9]
e fomos ,
[10]
e depois o meu pai era muito amigo com eles
[11]
e veio até .
[12]
E ele foi,
[13]
esse [vocalização] ele o Atalarico começou para o meu pai: "Ó Astrigildo" onde estava o velho do Atamante, aquele, o tal que eu vos falei que tinha uns livros muito bons
[14]
INF2 Tinha, tinha.
[15]
INF1 Também estava esse homem.
[16]
E o sogro desta.
[17]
O sogro?
[18]
Pois, era o sogro!
[19]
INF2 Pois era,
[20]
pois era.
[21]
INF1 O teu sogro.
[22]
E estavam todos a conversar,
[23]
eram todos amigos
[24]
e ele andavam a serrar a serrar madeira para esteios para a vinha!
[25]
E depois diz ele assim: "Ó Astrigildo" para o meu pai ,
[26]
"Ó Astrigildo!
[27]
Vocês porque é que não prantam videiras aqui"?
[28]
"Ai, aqui não ", dizia o sogro desta
[29]
porque este, o sogro desta, tinha muitas quintas.
[30]
INF2 Tinha fora.
[31]
INF1 Tinha fora.
[32]
Tinha em Santa Cruz uma grande quinta.
[33]
Tinha no Toutuço ali [vocalização] em Arouca também uma grande quinta.
[34]
INF2 Em Arouca.
[35]
INF1 Tinha em Souto Redondo.
[36]
INF2 Tinha em Souto Redondo.
[37]
INF1 Tinha, naquele tempo ainda tinha, em Padruça.
[38]
Tinha o [vocalização] o coisa, o
[39]
Como se chamam?
[40]
Os castanheiros acolá no [pausa] no Espinheiro [vocalização].
[41]
INF2 No Espinheiro.
[42]
INF1 Tinha em acolá em
[43]
Como se chamava essa senhora ?
[44]
Um qua- Mas lavrava um quartel de milho.
[45]
Que vocês Era
[46]
INF2 A Torre de Viana?
[47]
INF1 Não, mulher.
[48]
Em Em cima.
[49]
INF3 Está o senhor Berto?
[50]
INF4 Não está.
[51]
INF1 Provezende!
[52]
INF2 Ah, em Provezende.
[53]
INF1 Em Provezende vocês lavravam um quartel de milho.
[54]
INF2 Sim, sim.
[55]
INF1 E depois:
[56]
"Oh, aqui não !
[57]
Ó senhor Atalarico, aqui não ".
[58]
Dizia ele: "Ah, burros!
[59]
Ah, burros!
[60]
Olha que aqui dava vinho bom.
[61]
Vocês é que não prantam.
[62]
Vocês sendes uns burros"!
[63]
O meu pai e os outros começavam [pausa] ele a botar tudo abaixo aos homens.
[64]
Mas agora eu gostava que esses homens ainda fossem fosse vivos.
[65]
INF1 Para ver o vinho e agora
[66]
Porque não,
[67]
ele não se acreditavam!
[68]
INF2 Ah, pois não!
[69]
INF1 O An-, o pai da O homem da Branca, o teu cunhado, [pausa] o Atanásio, não andava a pôr videiras?
[70]
INF2 Sim.
[71]
INF1 Tu não sabes como é?
[72]
INF2 E ele fazia mangação.
[73]
INF1 E ele era para mim:
[74]
" [vocalização] Eh, Arquibaldo, tu ainda um dia há-des lavrar pipas de vinho".
[75]
E eu disse: "Não".
[76]
E ele foi-se embora:
[77]
"Ah, ah, ah"!
[78]
A fazer mangação.
[79]
Ele agora havia de ser vivo
[80]
que eu [vocalização] dizia-lhe se eu tinha pipas ou não tinha pipas.
[81]
INF É.
[82]
Tudo vai do trabalhar e do zelar.
[83]
INF2 E então e ele amadurece aqui que é uma beleza!
[84]
INF1 Oh Jesus!
[85]
INF2 Aquilo são como açúcar!
[86]
INF1 Ah!
[87]
INF2 Como quem come açúcar!
[88]
INF1 Mas ele, meu amigo
[89]
INF2 Doces!
[90]
E então é um vinhinho que não tem remédio, não tem nada.
[91]
INF1 Nada!
[92]
É próprio da videira!
[93]
INF2 Se quiser, [vocalização] quem for doente pode-o beber!
[94]
É Ele é da videira!
[95]
INF1 Pode, pode, pode.
[96]
[vocalização] É próprio de
[97]
INF3 É da videira.
[98]
INF2 Ele Era sim,
[99]
pois era.
[100]
INF2 Pois também não.

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