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Covo, excerto 32

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Olhe, aqui em cima, aonde está uma cruz, foi um cunhado desta senhora que está aqui, que é o Ático
[2]
Ele quando Ele fez-se uma
[3]
Ele Ele formou-se uma trovoada muito grande!
[4]
Eu até andava com as vacas a mais um tio meu aqui nesta costeira aqui.
[5]
E depois fez-se aque- armou-se aquela trovoada.
[6]
E o rapaz andava longe, perto da Albergaria com o gado e uma irmã minha que está na Macieira e uma velhota que morreu que até era coxa duma perna ali de de Lugar e um rapaz que morreu que era que era Atilano
[7]
também era mais pequenito, mais ou menos como é este ,
[8]
e ele o rapaz era maior
[9]
tinha os dezassete anos ,
[10]
e abalou adiante:
[11]
"Txó, txó, txó, txó"!
[12]
Quando "txó, txó, txó", o gado encarreirava todo atrás daquela pessoa.
[13]
Tal e qual, tal e qual atrás daquela pessoa,
[14]
que aquilo é
[15]
Ca- Caminhava!
[16]
Tal e qual.
[17]
INF E depois o rapaz vinha,
[18]
veio aquela faísca
[19]
[pausa] matou setenta cabeças de gado donde ele estava!
[20]
E ele morreu na frente do gado tão longe como está aqui a Gabriela de mim ,
[21]
ele caiu assim [pausa] com o pauzito na mão,
[22]
o chapéu caiu
[23]
e o gado começou a morrer todo em carreira até cima.
[24]
O que estava dum alto para , não escapou uma.
[25]
O que estava do alto para trás e eles que vinham de trás, esses não morreram.
[26]
Ele escaparam.
[27]
Mas tudo o que estava do alto
[28]
Eu queria que as senhoras vissem.
[29]
É logo aqui em cima.
[30]
INF Morreu tudo!
[31]
está!
[32]
Olhe que foi em 1919 19 ou 29, não estou bem certo
[33]
INF que o rapaz morreu.
[34]
Sabe?
[35]
E aquilo morreu tudo.
[36]
Setenta cabeças de gado!
[37]
INF Porque depois até
[38]
Eu, eu era pequeno, como este,
[39]
e depois fui dos primeiros que cheguei.
[40]
Porque aquilo vinha
[41]
Depois começou a vir uma cabeça de gado, outra,
[42]
outra, outra, começou tudo a gritar.
[43]
Porque os dueiros não apareciam!
[44]
[vocalização] Ele voltámos todos a ver, eu a mais esse Beni-, Benigno esse senhor Benigno que era daqui,
[45]
metemos a Maçoiros.
[46]
Fomos os primeiros a chegar .
[47]
Chegamos ,
[48]
o rapazinho estava assim caído com o pau na mão direita, o chapéuzito assim,
[49]
e ele d- a deitar sangue pela boca, pelos ouvidos, pelo nariz, a deitar sangue,
[50]
e ele assim caídinho
[51]
e o gado todo estendido atrás:
[52]
era um para aqui, outro para acolá, todo caído.
[53]
Isso foi horrível!
[54]
Isso foi uma coisa!
[55]
INF Isso foi horrível aquela aquela coisa!
[56]
INF Foi uma faísca.
[57]
E o rapaz, depois não se podia pa- [vocalização]
[58]
Quando foi que ele morreu, depois quando se ele mortalhou, ia-se a pentear
[59]
e ele largava o cab- bocados de pele e de cabeça.
[60]
INF Depois nem o penteavam.
[61]
INF Queimou-o todo!
[62]
E depois a botar aqui na pelezinha dos ombros, aqui assim
[63]
Porque aquilo depois a faísca caiu
[64]
e meteu-se quase ao dele.
[65]
Olhe que o [vocalização] o pauzito que ele tinha meteu-se debaixo duma pedra e o chapéu,
[66]
tev- esteve mais de trinta anos!
[67]
[pausa] Sem apodrecer nem nada!
[68]
Faz de conta que se meteu naquela altura debaixo da pedra.

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