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Carrapatelo, excerto 2
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INF Ora, aprendi em [vocalização] aqui em [vocalização] em São Pedro do Corval,
mas nunca passei da segunda classe.
Porque havia ali um professor já muito velhinho.
Ora, foi professor do meu pai e dum meu tio que tinha mais sete anos que o meu pai.
E no meu tempo ainda era professor,
mas era já muito velhinho!
E ele gostava muito de mim!
mas gostava muito de mim.
Ele Eu fui para lá com sete anos.
Mas a minha mãe sabia ler
e começou-me a ensinar as primeiras letras.
porque eu tinha esse sentido para aprender.
Quando quando ch-, quando fui entrei para a escola, já sabia metade da do livro da primeira.
E depois quando foi ao fim de quinze dias ou três semanas de andar à escola, já sabia o resto do livro da primeira.
E ele O [vocalização] livro da primeira, naquela escola, estava escrito nas paredes.
Nas paredes é que estava escrito, tudo à roda da casa.
E ele com uma cana acenava
e eu ia sempre dizendo, sempre dizendo, sempre dizendo.
Andávamos muitos na mesma, sim [vocalização], na mesma lição.
Mas ele os outros não sabiam
E depois como eu dizia, diziam eles.
E o professor fez-me assim:
mandou sentar os outros –
O homem começou a acenar com a cana
E depois, [vocalização] assim que viu que era já maçada de mais – li para ali uma porção de de [vocalização] lições! –, assim que viu que era maçada de mais, e [vocalização] e ficou assim a olhar para mim,
"Então qual é que sabe mais:
E eu – ora, eu tinha sete anos – fiz-lhe assim:
E eu fiquei assim assente a, assim a olhar para ele.
sentar lá ao pé da secretária dele e depois de estar sentado, fez-me assim:
E depois quando a m- um dia que a minha mãe lá foi e esteve-lhe contando a história.
"Ah Senhor Professor, desculpe.
porque isto são crianças".
Então ele disse uma verdade!
Ele não sabe se eu se sei muito nem se sei pouco.
E então ele não sabe se eu sei muito nem se sei pouco"!
Risos Com que [vocalização] Passou-se então assim
e depois tu- continuei a ir à escola, sempre aprendendo bem, sempre aprendendo bem, sempre, sempre, sempre.
[vocalização] Depois ele deu-se em fazer velhinho.
, e estava dois e três meses sem lá ir.
E eu, o meu pai era pobre,
e eu comecei a guardar aqueles borregos.
E depois concertei-me [pausa] para um monte.
Ainda hoje me lembra quanto eu fui ganhar.
INF Fui ganhar nove tostões por mês.
Num mês ganhava nove tostões.
[pausa] Sessenta, sessenta e um, uma coisa assim.
Faço Faço setenta e três anos no dia 14 deste mês de Maio.
Daqui a De hoje a treze dias faço setenta e três anos.
E eu [pausa] fiz lá, nesse concerto,
fui fui para uma horta, para uma quinta.
Pronto e assim assim fui passando o tempo até [vocalização] fazer-me já moço.
Depois quando comecei a trabalhar como os homens, comecei a ganhar dez tostões por dia –
naquele tempo era assim, os dez tostões por dia – e de comer.
A minha vida tem sido assim.
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