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Carrapatelo, excerto 49
Text: -
INF Eu, metade das coisas não me lembram!
Eu já estou muito esquecido.
[pausa] Metade das coisas não me lembram!
INF Bom, eram, nessas herdades –
eram terras que estavam anos sem serem cultivadas.
E parte dos dos anos, estavam sempre abrajeadas de água, que não se lhe podia lá entrar.
Não tinham escorrente, parte das vezes
nem um ribeiro tinham, nem coisíssima nenhuma.
E a água parava ali um Inverno inteiro e uma Primavera.
E não se lhe podia lá entrar,
Tudo quanto lá se punha, tudo lá ficava atascado.
INF Em anos bons, em anos que não eram para aí de muitas invernas, muitas vezes até, era até era aonde se criavam as searas melhores.
Isso criavam às vezes, em em não sendo anos de muitas invernas.
Isso criavam searões que aquilo [vocalização] era tudo era a seara toda encostada uma na outra.
Mas em sendo [vocalização] assim invernas grandes e de mais, perdia-se.
Às vezes era mesmo por conta deles.
Mas é que depois chegava a um certo ponto,
criavam grandes pastagens,
e depois quando quando aquilo dava em enxugar, metiam-lhe gados para ali para pastarem.
O [vocalização] O brejo é assim:
não sei se sabem o que é a grama?
A grama é uma erva que [pausa] que vai sempre furando, sempre, sempre, sempre, sempre.
Custa caro uma parelha a arrancar uma charrua.
E de maneiras que é a grama,
é o cereaço, aquilo tudo junto,
Os animais custavam caro a a romper aquilo.
São terras direitas naquelas covas que têm, às vezes, cabeços dum lado e outro, e têm uma vargem no centro.
Aquela cova, [vocalização] depois, todas as águas para ali vão ter,
e ch- e estão invernos inteirinhos aqueles terrenos tapados de água.
São terrenos que são alagadiços.
Porque de roda são cabeços
Todas as águas ali vêm ter,
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