Representação em frases

Vila do Corvo, excerto 42

LocalidadeVila do Corvo (Corvo, Horta)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Feliciano Felício

Texto: -


[1]
INF1 Noventa e cinco, incompletos.
[2]
Morreu no fim de Agosto
[3]
e fazia os noventa e cinco a 30 de Setembro.
[4]
INF1 Eu?!
[5]
Morreu antes de mim antes de eu nascer!
[6]
INF1 Morreu em Agosto 13 e eu nasci em Agosto 14.
[7]
[pausa] Mas é os meus filhos que têm a cédula dele.
[8]
E o meu pai dizia que ele com mais de oitenta que ainda tinha a lavoura dele ao cuidado dele.
[9]
INF1 E [vocalização] E era todo comichoso.
[10]
Ele era duro, maligno.
[11]
Por isto: ele ele veio a cegar.
[12]
Estava cego em casa e sem sair de casa.
[13]
INF2 Como ninguém está passando agora.
[14]
Olha que miséria que ele estava passando para aqui, coitado.
[15]
INF1 Meu pai, [pausa] moço de [vocalização] duns vinte anos, ainda nem tinha vinte
[16]
Ora, no meu entender, ele o avô não deve dar bons conselhos ao neto?!
[17]
INF1 Parecia-me que sim.
[18]
Foi buscar tremoços à taberna.
[19]
Fica perto da Júlia.
[20]
O caminho apertado, não podi- podia passar senão um carro nele,
[21]
não tinha lugar de dois.
[22]
Estava carregando os tremoços
[23]
e um velhote que era dono da
[24]
casa da do Ferdinando Feliz, dos Feliz, é o filho do Ferdinando Feliz chega com o carro dele e [vocalização] começa a fazer zaragata com ele de ele ter o caminho tapado.
[25]
Queria Queria andar.
[26]
"Agora espere.
[27]
Deixe-me carregar".
[28]
O velho zaragata com ele bastante.
[29]
No outro dia, [pausa] chega meu pai para carregar os tremoços e o Feliz com o caminho tapado.
[30]
"Diz que eu não tinha razão nenhuma!
[31]
Eu queria-me pagar da véspera, do barulho que ele tinha feito comigo"!
[32]
[pausa] A tia Florisbela [pausa] morreu
[33]
Tu tinhas um ano quando quando ela morreu.
[34]
[pausa] Não, ela morreu no ano que tu nascestes.
[35]
Ela morreu em Julho
[36]
e tu nascestes em Setembro, em 51.
[37]
[pausa] Ia-lhe ajudar a carregar os tremoços.
[38]
Ela tinha uma língua tão comprida como é daqui ao caminho.
[39]
Não precisava de vir dizer ao velho a casa que ele tinha feito zaragata com ele na nos dois dias!
[40]
Veio dizer ao velho a casa.
[41]
Sabes ele o que disse ao neto?
[42]
"Vales pouco.
[43]
Devia ser eu em meus dias!
[44]
Ia o Josino, o carro e os bois, tudo para a terra do João Lobo"!
[45]
INF1 Que então era de pele!
[46]
INF1 Ele era para para dar bom conselho ao neto.
[47]
Diz: Homem "Homem tem juízo.
[48]
Andas agora a fazer zaragata pelos caminhos todos os dias?!
[49]
Os caminhos são de to-, são são de todos
[50]
e todos se querem servir deles.
[51]
Tem vergonha
[52]
e tem juízo"!
[53]
Não.
[54]
"Vales pouco!
[55]
Devia ser eu em meus dias!
[56]
Dia o ca- o Josino e o carro e os bois, tudo para a terra do João Lobo"!

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