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Vila do Corvo, excerto 46
Text: -
INF1 Ganhou aí dinheiro no jogo.
INF1 Homem, aí gente todos gosta de jogar!
Novos e velhos – são novos para jogar.
Ele contava muitas vezes que estava lavrando no Rancho.
[pausa] O patrão, aquilo [vocalização] era também discurso tirado.
Ele o homem mal [pausa] maluco, pelo que eu, pelo no meu entender, [vocalização] sábado à noite arruma o arado
e foi lá para foi passear para onde chamam-lhe o Tanque.
[pausa] Segunda-feira de manhã, pega no arado
[pausa] Eu não sei se lavrava uma hora, se era hora e meia, se eram duas horas,
O patrão lá, de pé, revistando os lavradores a ver eles o que é que faziam.
A avaria era pequena [vocalização]…
Ele compôs a avaria que tinha,
ele vinha chegando e: "Eh"!
INF1 Eram burros é que lavravam naquele tempo aí.
INF2 Os burros é que lavravam.
Os burros é que é é que faziam as lavouras.
Nã- Ainda não havia mecanismos.
INF1 Ainda não havia nada.
INF2 Ele vai andando, segunda avaria.
O patrão [pausa] vai lá ter com ele: [pausa] "Ainda não me apanhas desta"!
Ora, o patrão, aquilo ele ia aquecendo sempre.
Eu agora não quero mentir:
não sei se ele teve três avarias, se teve quatro.
INF1 Ele teve muitas no Rancho.
INF2 Até que Até que teve uma, foi apanhado.
[pausa] "Ó Fidélio, tu sabes o os regulamentos deste rancho"?
"Sei-os tão bem como ti"!
Tu para onde é que foste sábado à noite"?
"Tu, [pausa] na vez de ires para o Tanque, porque não estavas ao pé do teu arado"?
"Porque eu não tinha nada que fizesse ao meu arado.
O meu arado trabalhou a semana que passou aí toda
e [vocalização] e não teve avaria nenhuma.
E ainda que estivesse olhando para ele de dia e de noite, não sabia se ele queria avariar hoje, se não".
"O que eu havia de fazer era despedir-te".
"Tu se me hás hás-de despedir à noite, paga-me que eu já me vou".
INF1 Ora, era porque ele já tinha sentido de vir para aqui.
INF2 Mas ele ainda não veio [vocalização] tão depressa.
Ele ainda Ele ainda se demorou.
INF1 Não, eu parece-me que ele disse que já tinha que tinha vindo para aqui.
mas ele ainda se demorou.
Mas lá fora, na América, de Inverno não se trabalhava.
INF1 Ele ia lá para as lojas jogar, [pausa] onde é que fica o porto.
INF2 E ele [pausa] pôs-se a andar.
[pausa] Esteve seis meses no Tanque, como lhe chamam, sem trabalho.
INF1 Dizia que havia homens [pausa] que não tinham sorte.
[pausa] Homem, dá-me os comprimidos daí, porque eu tinha tenho dores de cabeça.
[pausa] Ele pôs-se a andar.
INF2 Nesses dias, de, de nesses seis meses, ele dizia: [pausa] "Foi o tempo melhor que eu tive em toda a minha vida!
e com as cartas fiz bastante para eu para eu nã- não ir atrás.
Elas davam para eu comer".
INF1 Diz ele [pausa] que ganhava bastante para o comer
e ainda depositava dinheiro no banco.
INF1 Falava muitas vezes nisso.
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