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Vila do Corvo, excerto 48

LocationVila do Corvo (Corvo, Horta)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Feliciano
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

Text: -


[1]
INF Aquela vez mais o meu pai, aqui fora.
[2]
[pausa] Havia aqui uma atafona, aqui perto.
[3]
Nós éramos donos da atafona.
[4]
Ela era de muitos,
[5]
era de [vocalização] vinte talvez e não sei quantos.
[6]
A atafona, com falta de ser retelhada, estava chovia muito dentro dela.
[7]
[pausa] Chamam os donos da atafona para ela ser retelhada.
[8]
Retelhada agora A gente chama retelhar é [vocalização] a telha por cima, [pausa]
[9]
INF limpá-la e [vocalização] e deitá-la a modo de não chover dentro dela.
[10]
O Fídias, irmão do Felício, e outro companheiro não sei quem foi [pausa] retelhou metade da atafona, e o outro pessoal, a outra metade.
[11]
Agora o que tinha retelhado metade ou ou a quarta parte da, da, da da atafona não tinha feito o seu quinhão bem feito.
[12]
E outros, a maior parte deles estavam deitados na no caminho à sombra, sem mexerem em nada.
[13]
Quando foi no fim, [pausa] um [vocalização] um homem que morava aqui em baixo, em frente à igreja, ajunta aqueles bocados de telha [pausa] que não prestavam,
[14]
mete-os num cesto
[15]
"Ó Fídias, [vocalização] vai ao tio Fiel que está bem descansado.
[16]
Eu retelhei metade da atafona mais fulano,
[17]
e o tio Fiel tem estado deitado sombra.
[18]
Vai a botar fora que também lhe toca".
[19]
"Tu és é malandro"!
[20]
"Malandro do tio Fiel".
[21]
Ora, o Fídias também tinha pouca paciência, o o Filémon muita menos do que o Fídias, zaragata para baixo.
[22]
Meu pai, ele também não não gramava o Filémon:
[23]
"Ó Fídias, o cesto de quem é"?
[24]
Conhecia o cesto bem.
[25]
"O cesto de quem é"?
[26]
"É meu".
[27]
"Vira a telha no meu tabuleiro
[28]
e vai-te embora".
[29]
Ora, o moço não quis mais nada.
[30]
O moço, novo, ele tinha uns quinze anos o ma-, o m- o máximo que podia ter.
[31]
Vira a telha no caminho
[32]
e anda para , para aqui.
[33]
[pausa] Vem o velho não sei de aonde, quando chegou aqui sabia de tudo.
[34]
[pausa] Meu pai sentado aqui aqui fora ao da canada.
[35]
[pausa] "Se eu tinha chegado aqui e o indivíduo pondo a telha acolá, ele tinha levado com a bengala".
[36]
E pega.
[37]
[pausa] Ora, foi o tal
[38]
Estava um padre aqui que era do Faial, o padre Fileu,
[39]
[pausa] vinha o irmão com ele, porque vinham para aqui todos os dias também fazer serão.
[40]
Estavam morando naquela casa em baixo, onde é de, de agora de turismo eu não sei se conhecem? , [pausa] por baixo da igreja.
[41]
INF Eu vinha, o [vocalização] Meu pai tinha o peito mais forte do que o pai do Felício.
[42]
Estava em casa dele, ouvindo os berros da, da do Filinto aqui.
[43]
" viste,
[44]
é o Filinto,
[45]
ele que é que tem"?
[46]
Vinha por fora, eles pegados aqui.
[47]
Uma vizinha daqui, casada de pouco tempo
[48]
A Francelina está ele [pausa] na Terceira ou em São Miguel?
[49]
Não sabes onde é que está?
[50]
INF Está bem para anos!
[51]
[pausa] Estava casada de pouco tempo m-.
[52]
"Eles têm sido bem amigos,
[53]
a amizade deles acabou-se".
[54]
INF "Da maneira que eles estão acolá, não mais [pausa] mais amizade".
[55]
[pausa] Acabando a turra, cada um para sua casa.
[56]
[pausa] O meu veio para dentro,
[57]
esteve-se lavando,
[58]
estivemos comendo,
[59]
acaba de comer, para aqui.
[60]
Minha mãe Deus te o céu: "Ah!
[61]
Cara sem vergonha Jesus! acabaste de sair da turra com aquele homem
[62]
e agora vais para casa dele"?
[63]
"Não lhe tenho mal a ele nem ele a mim"!
[64]
Risos Eram assim.
[65]
E o O Felício está .
[66]
Ele passava Talvez não se passava semana nenhuma que eles não se pegassem .

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