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Vila do Corvo, excerto 65

LocationVila do Corvo (Corvo, Horta)
SubjectA agricultura
Informant(s) Feliciano
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

Text: -


[1]
INF O lavrador.
[2]
INF Talvez em tempos lavravam.
[3]
[pausa] Mas em meu tempo não.
[4]
Eu via [vocalização] a [vocalização] minha avó que era era, era
[5]
[pausa] Eu agora não sei qual era.
[6]
Não sei se era a avó daqui do Flamínio, se era a avó do, do, do do Flamino.
[7]
Essa tia, quando queriam semear junça
[8]
Também cultivavam junça, mas em meu tempo pouca.
[9]
cultivaram pouca junça, em meu tempo, aqui.
[10]
Mas antigamente trabalhavam cultivavam muita junça.
[11]
E [vocalização] E gostavam agora de ver o o reguinho da junça direito.
[12]
[pausa] Porque eu era lavrador porco;
[13]
o meu rego, ele tinha tinha cambas.
[14]
Mas diz que essa mulher que lavrava direitinho, que parecia que o rego dela que era que era feito com uma fita.
[15]
O que tinha opinião, que queria ver o rego sempre direitinho, tinha que a ir buscar para ajudar a semear a junça.
[16]
[pausa] Mas eu nunca vi mulheres lavrar aqui.
[17]
INF Olhe, chamo-lhe cambas.
[18]
INF Homem, não sei.
[19]
Mas a junça queria a terra, ele a terra a terra direita, toda à monda.
[20]
Que a terra era bem lavrada, ele ele toda à monda, tudo escolhido.
[21]
Depois é que semeavam aquilo.
[22]
Estava um lavrando
[23]
e estava outro a a deitar a junça atrás do, do do arado [pausa] para ela [pausa] ficar enterrada na terra.
[24]
Era como o milho.
[25]
A diferença que tinha é que queria mais mais semente do que o milho.
[26]
O milho quer pouca.
[27]
INF E a junça queria muita.
[28]
Mas dava muito trabalho.
[29]
INF É.
[30]
INF É.
[31]
INF Tinha.
[32]
Tinha.
[33]
Ele amadurecia agora em Outubro.
[34]
Agora aquilo dava um trabalho de levado da breca, acarearem milho dacolá de cima e a ap-, e [vocalização] e [vocalização] apanharem junça.
[35]
Era preciso ser batida numa pedra.
[36]
Depois diz que botavam aquilo num cesto, limpando como quem limpa trigo.
[37]
Estava uma mulher por baixo a a rodar aquela pedra e a terra que vinha junta com ela e então e aquilo a cair por cima dela,
[38]
ela depois vinha para casa.
[39]
INF Oh, vinha suja?!
[40]
INF Rhã-rhã.
[41]
INF Não.
[42]
Batiam-na nu- numa pedra.
[43]
Tinham uma pedra agora [pausa] assim mais ou menos, por exemplo, esta esta largura,
[44]
INF uma pedra agora ao alto na terra,
[45]
e estava agora um homem com a com a junça.
[46]
Ela ti- deitava rama desta altura, mais ou menos.
[47]
Estava com aquilo a a bater na pedra,
[48]
o grão ia caindo para baixo
[49]
e [vocalização] e estavam então rodando para trás para para dar lugar.
[50]
E levavam agora o dia agora a [vocalização] a baterem naquilo para aquele dia ir
[51]
A rama iam botando para um monte e e a junça ia para outro.
[52]
INF Limpavam-na como é que é limpo o trigo.
[53]
INF E metiam-na então nessas nessas covas [vocalização] até por adiante.
[54]
Porque no Inverno
[55]
Para o outro ano, naquele tempo é que a tinham .
[56]
INF Alguns faziam, com fome!
[57]
Mas o mais era para para alimentação dos porcos.
[58]
INF É.
[59]
INF Pois, ele era conforme conforme a falta que tinham.
[60]
INF Os que Os que tinham muita, ela estava até ao Verão;
[61]
outros que tinham mais pouca, acabavam-na mais cedo.
[62]
Era como como a falta que tinham dela.

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