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Castro Laboreiro, excerto 41

LocalidadeCastro Laboreiro (Melgaço, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Alarico Albertina

Text: -


[1]
INF1 Quer-se dizer, ele tinha [pausa] muitas propriedades,
[2]
mas deixaram-lhas as tais que se diziam avós.
[3]
Que, naquele tempo, ninguém era raro as senhoras saber ler
[4]
E tinha então uma, [pausa] uma [pausa] uma velha, que lhe chamavam Alcinda, [pausa]
[5]
e [vocalização] e sabia ler.
[6]
INF2 Sabia ler!
[7]
INF1 Sabia ler.
[8]
INF2 E fazia à mão os os fatos das noivas.
[9]
À mão!
[10]
INF1 Os fa [vocalização] Os fatos das noivas, fazia-os ela.
[11]
INF2 Era ela é que fazia os fatos das noivas daquele tempo.
[12]
INF1 E [vocalização], e depois: [pausa] E depois, então, el- essa, eu lembra-me quando é que eu queria ir para os meus cunhados
[13]
Os tais que se foram embora
[14]
Não quiseram Não quiseram saber de mais nada.
[15]
Apareceram depois de vinte e cinco anos.
[16]
E [vocalização] E eu ia à procura deles para a brincadeira, não é?
[17]
E então, eu chegava
[18]
e, na vez de ir-lhe perguntar por eles, assim com um bocado de tal para que me ela não corresse, perguntava-lhe pela minha sogra falecida.
[19]
Chamava-se Aldina.
[20]
E então, saía-me ela à porta, com o livro na mão, como tem a senhora, às vezes, a ler com aquela idade!
[21]
Que ela tinha Ela morreu para aí de noventa anos, não Albertina?
[22]
INF2 Noventa e seis.
[23]
INF1 Noventa e se-.
[24]
E quer-se dizer, e lia!
[25]
Aparecia com o livro à porta: [pausa] "Que queres?
[26]
Aqui não tia Aldina nem tio Aldino.
[27]
Vai-te embora".
[28]
Ela bem percebia que eu que ia à procura deles.

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