Representação em frases
Enxara do Bispo, excerto 6
Texto: -
INF O que é que atravessei uma época que não havia…
[pausa] Com dinheiro na mão!
A gente via os padeiros [pausa] peneirarem, amassarem, enfornarem e com o dinheirinho dentro do saco, a querer quatro e cinco pães e [vocalização]…
Estávamos toda a noite ao pé do…
Estávamos toda a noite ao pé dos padeiros para vermos se, quando chegasse de manhã, iam à primeira fornada tirarem o pão, [pausa] e [vocalização] para a gente querer três ou quatro pães.
INF E esse um, a gente comia-o pelo…
Comia parte dele pelo caminho,
levava uma data de porrada.
A gente éramos onze irmãos…
Tra- Ganhava o meu pai onze escudos por dia, com onze filhos.
INF trabalhava de noite e de dia, que nunca quis que os filhos pedissem.
Amanhava uma propriedade só para ter [vocalização] umas batatas, uns feijões, e coiso;
de resto, não tinha mais nada.
INF E a gente corria [pausa] o Sobral de Monte Agraço para ir buscar um decilitro de azeite.
Um decilitro de azeite, ao ao Sobral de Monte Agraço, cinco quilómetros!
Sabia-se que havia um lagar nas Pontes de Monfalim – mais de três quilómetros –,
íamos às Pontes de Monfalim ao lagar buscar um decilitro de azeite.
Com um saco na mão e dinheiro, and- corria-se 'Ceco e Meco' para comprar um quilo de batatas.
INF Eu conheci essa época.
A gente comia troços de cardos, que era hortaliça, feijão-frade, mas pouco…
INF E [vocalização] era uma miséria, pronto.
Antigamente era uma miséria.
Isto agora, o pessoal agora está todo rico!
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