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Gião, excerto 33
Text: -
INF1 Bom, é que há uma coisa que a senhora não sabe, mas vai ficar a saber para sempre se não lhe esquecer.
Sempre que há no forno chama [pausa] é erro,
[pausa] porque é [pausa] prejuízo.
Faça de conta que aquilo é como gás que se está a perder.
INF1 O forno não pode nunca dar chama.
INF2 Queimar e partir o carvão para ficar partido.
INF1 Por isso, nos respiros e tudo o mais, quando vem fora o lume, vai-se logo tapar.
INF1 Porque se arder e der chama, aquela chama, aquele gás, é roubado ao carvão.
Tem que funcionar abafado.
Que eu digo muitas vezes que os portugueses que não têm aqui gasolina, e que a gasolina há-de-se apoiar esta como a gasolina…
Foi uma pena não terem aperfeiçoado o gasogénio.
[pausa] É porque vocês não se lembram;
eu lembro-me perfeitamente dos carros a gasogénio.
então o [vocalização] o combustível era carvão.
Os carvoeiros faziam era um carvão melhor, um carvão especial, ainda mais…
Quer dizer, não [vocalização] Ainda ontem ouvi uma coisa engraçada, que foi aquele tipo que falou da qualidade da carne dos porcos – não sei se viram? –,
INF1 em que ele disse, lá o director, que o [vocalização] vendedor o que quer é quilos.
E realmente é assim em tudo.
INF1 A batata, por exemplo, é uma coisa que está altamente prejudicada por causa do excesso de água que se lhe põe, na maioria dos casos.
quer-se é quilos ainda mais.
E tudo, ou quase tudo, é estragado: por exemplo, as sementeiras com o excesso de adubo e cavar.
INF1 E acerca disso, [vocalização] o carvão tinha também esse problema:
os carvoeiros, ultimamente, que não tinham concorrência, vendiam o carvão bom e ruim,
Quando tiravam o carvão, o carvão estava todo molhado, a escorrer água;
depois deixavam assanhar um bocado,
Mas no tempo do gasogénio, era um carvão próprio, até de sobreiro ou carvalho, até mais próprio para, para.
INF1 [vocalização] Aquilo era melhor para fazer andar os carros
e aquilo foi uma pena não ter aperfeiçoado.
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