Representação em frases
Granjal, excerto 21
Texto: -
Às vezes dizem que aquele cocó mole das crianças que é…
Que é é dores de barriga que dão e são vírus viles.
Chamam assim umas coisas.
Nós cá chamamos-lhe aquilo, quando é as crianças: "Ai, isto foi foi quebranto que lhe deu",
Mas [vocalização] lá para lá, isso não acreditarão,
"Isso foi quebranto que deu à criança ou é embaçado, e"…
INF Embaçado, sabe o que é?
É o estômago que se vira às criancinhas.
E os médicos não dão com isso.
crianças começam a vomitar muito, a vomitar tudo fora, e a fazerem só cocó muito molezinho, só soltura – chamamos nós soltura – e assim,
INF Olhe, componho-os bem.
Olhe, deito-os de cima duma mesa ou duma cama.
E os meninos, quando estão assim embaçados, impam:
E a barriguinha muito rija.
E então, eu deito-os assim em de cima duma mesa ou de cima duma cama,
e tenho um bocadinho de azeite num pires – ou numa chavenazinha, ou numa tigela, em qualquer coisa –,
e depois eu lavo as minhas mãos muito lavadinhas,
desinfecto-as com álcool,
e no fim esfrego-as com aquele azeite,
Supomos que isto Supomos que isto assim, isto é a criança
e a gente une um pezinho assim com o outro
e o que e se estiver embaçado [vocalização] um pé é maior do que outro.
Um dedo cresce – o dedo grande –,
cresce mais que o outro pé.
E a gente depois, eu depois com com as minhas mãos, molho as mãos assim no azeite,
esfrego-as assim muito esfregadinhas,
e faço-lhe assim, assim, assim.
INF Assim, na barriguinha assim.
Começa a gente daqui para cima,
da, da mesmo daqui das partes assim para cima, a correr assim para cima, tudo para cima, tudo para cima, e a gente dá com o estômago.
Quando estão embaçados dá com ele.
é três dias que a gente o cura
e o estômago torna para o lugar dele.
Já nem obram mole nem nem vomitam.
Eu componho-os muito bem.
Até já em Lisboa eu compunha muita criança.
Estava lá uma uma senhora que tinha só uma menina.
mas ela vivia muito bem, a filha.
Estava a pôr a mão como que era ela a porteira,
porque a mãe não sabia ler
ela é que fazia as vezes da porteira,
E depois um dia apareceu-me lá: "Ó dona Ercília!
Ai, a minha menina está tão malzinha!
A minha menina morre-me"!
"Ai, disseram-me que a dona Ercília"… – quem está lá, é tudo "dom" –
Que lhe dá um jeitinho, se a senhora lá viesse"…
já quando foi ao outro dia que eu lá fui, já não andava.
E já tinha uns três anos.
Essa senhora nem sabia o que me havia de fazer.
Porque ele diz que já tinha corrido os médicos todos de Lisboa e que nunca nenhum lhe deu com a cura.
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