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Granjal, excerto 36
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INF1 A perna criou o erisipelão todo.
O homem começou a ficar mal,
veio da terra, das férias –,
começou a ficar muito malzinho, muito mal,
muito mal, foi para o hospital.
Disseram-lhe que talvez [pausa] fosse preciso cortar-lhe a perna por aqui, pelo quadril.
[pausa] Era um marceneiro, mas era um marceneiro!
E depois [vocalização], coitadinho, vinha lá todos os dias o enfermeiro dar uma injecção e e curá-lo, tratá-lo.
INF2 Cortaram-lhe a perna?
Depois ele diz que cada vez que estava pior,
Estas coisas não lhe vale de nada remédios da farmácia.
Quer ver, eu vou-lhe dizer:
eu, um dia, ia a sair para a venda,
ia ter com o meu Emanuel – que ele tinha ido à Ribeira buscar o peixe
e eu ia ter com ele, ao encontro dele para o ajudar para.
Ele pesava e eu levava-o às freguesas,
que lá [vocalização] não vêm as freguesas à rua.
Vai a gente tudo às casas.
[vocalização] Eu ia a sair
e as, a, a a porteira disse-me assim: "Ó dona Ercília, ó dona Ercília"!
"Olhe, se vossemecê fizesse o favor logo de vir aqui ver o senhor Estevão.
Está tão malzinho, tão malzinho"!
"Então o que é que ele tem"?
Disse-lhe eu: "Que tem ele"?
INF1 "Olhe, eu agora não tenho tempo, que vou ao encontro do meu marido para o ajudar".
"Mas a dona Ercília quando vem vem cá"?
Ai, aquilo estava uma miséria!
INF2 Pois, os remédios não, para aqueles males [vocalização], dêem-lhe fogo!
Olhe, olhe, receitaram-lhe banhos de permaganato.
Aquele permaganato meteu-se naquela pele –
a pele era desta altura, a pele.
E a perna toda, pé e tudo [pausa] muito inchado, muito inchado!
INF2 Os doutores não querem crer nestas coisas.
INF1 Aquilo metia até metia medo!
Olhe, eu só lhe atalhei o erisipelão.
[pausa] E fui-lhe cortar umas poucas de folhas de hera – lá ao jardim do Miradoiro – umas poucas de folhas de hera, umas poucas de …
É aquelas folhinhas que eu vi que faziam bem.
Tirei-lhe as peles todas por fora e depois com farinha triga e azeite…
Eu primeiro [vocalização] com uma tesoura que desinfectei, [pausa] cortei-lhe as peles.
INF2 Cortaste-lhe as peles.
INF1 Eram lençóis e toalhas a apanhar aquele pus todo.
[vocalização] Era um pus muito amarelo!
INF3 Cortavam-lhe a perna,
não estavam já para lha cortar!
INF1 E depois apanhei aquilo tudo
Aquela vez curei-lha assim.
Ainda não tinha lá as folhinhas.
Depois de fazer aquilo é que eu fui apanhar.
Tirei-lhe aquela água toda fora,
esfreguei-lha com um bocadinho de azeite quente,
pus-lhe por cima a gaze, assim,
Isto foi ao, ao meio-dia.
À noite tornei lá já com as folhinhas todas cozidas.
Cobri-lhe tudo, tudo de de azeite;
e depois pus-lhe as folhinhas todas, todas por cima;
e depois embrulhei-o todo num lençol fresco, todo assim.
Ficou assim com a perninha.
Quando foi ao fim de oito dias o homem estava quase sarado.
e disse assim: "Então [vocalização] "…
Ele dava-lhe a injecção à mesma.
"Então não não me deixa ver a sua perna"?
"A minha perna está melhorzinha".
Ele dizia-lhe sempre que estava melhor mas não lhe dizia ao quem lha andava a tratar.
um dia calhou eu a estar-lha a curar
esteve a ver a minha vida.
Esteve a observar o meu tratamento.
E no fim, ao outro dia, tornou lá sozinho,
esperou a altura que eu lá não estava,
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