Representação em frases
Granjal, excerto 37
Texto: -
INF1 Os remédios caseiros muitas vezes são melhores que os da botica.
INF2 Oh, então e essas queimaduras daquela senhora da ponta, lá donde a mulher do Justiniano trabalha.
INF3 Olhe que eu tive cinco filhos.
Os quebrantos era a toda a hora.
INF3 Olhe, chegaram-me a atar um lenço aqui ao peito
e botavam-mo aqui ao ombro.
INF3 Não podia com o peito.
INF1 A gente tinha muito leite.
Então, eu vou contar à senhora quantos filhos eu criei.
INF3 O leite é que ia atrás.
INF1 [vocalização] Eu tive doze.
um é que só tinha seis dias.
E [vocalização] E criei os outros sete.
E criei aqui o senhor Estrabãozinho.
Tive-o mesmo em minha casa a criá-lo.
O Estrabãozinho, fui eu que o criei.
E [vocalização] E o senhor Evangelista.
O senhor doutor Evangelista.
INF1 Também fui eu que o que o criei.
Dava o peito à minha filha mais velha, à minha Eurídice,
e dava-lhe o peito a ele, às horas.
Porque elas agora comem bem e eu naquele tempo tinha muita fome.
INF1 Às vezes saía para a várzea, sachar, sachar, cheia de fome, cheia de fome!
INF3 É que parecem que arrancavam as veias do peito, ah!
INF1 O [vocalização] peito à gente.
E E eu vinha, quando vinha já, mesmo sem comer nada, em jejum.
INF3 Agora, querem o que é bom!
Elas podem durar outro tanto tempo.
E iam E iam para a feira,
por exemplo, estava aqui uma senhora que chamavam a Eulália Justino,
A Encarnação – olhe, essa Encarnação que aqui esteve, [vocalização] já vinha atrás de mim;
em me vendo, já vinha: "A mãe!
INF2 Porque ela era amiga de lhe dar a mama.
INF1 De lhe eu dar o peito, chamava-me mãe.
Uma vez vinha com um tabuleiro de pão para ali para o forno do senhor Euclides, da minha mãe.
[vocalização] Ainda vinha em massa, a sair de casa com ele.
Ela atrás de mim: "Ó mãe, ó mãe"!
A mãe, como gaguejava assim um bocadito: "Q-, Q-, Que filhos meus que nunca mais.
Nunca mais vão mamar em ninguém.
Eu fui pôr o tabuleiro ao forno
e vim a correr dar-lhe a mama à rapariga.
Quase que lhos desemborreguei todos.
Em comendo um bocadinho de pão, um bocadinho de queijo, ou um bocadinho de bacalhau, ou uma sardinhinha – era mais comer da gente, era [vocalização] a sopinha e um bocado de pão e sardinha – eu já me desfazia toda em leite.
Às vezes de noite, eu estava assim: "Eu nem me posso virar mais para ti"!
Eles mamavam dum lado e o leite corria do outro.
INF1 Era muito leiteirinha,
INF3 Ai eu também, graças a Deus!
INF1 E a minha Eunice também assim era.
A Eurídice também os criou todos ao peito.
INF3 Eu, graças a Deus também.
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