Representação em frases
Granjal, excerto 54
Texto: -
INF1 E depois vai para o sarilho, para o [vocalização] – uma coisa que anda assim – a dobar, a dobar.
INF1 E depois vai para, vai para os para as meadas.
Do sarilho arranca-o fora – como estas meadas que a gente doba do algodão –,
e depois enrodilha em cima,
depois vão ser cozidas numa panela com cinza e mentrastes, e [vocalização] e assim, e água, fervidas, fervidas, e sabão.
Mas primeiro são batidas no lavadoiro.
E depois é que são metidas no [vocalização] na panela.
E depois é que lhe põem cinza e água a ferver.
Fervem ali quase, [vocalização] às vezes, um dia inteiro, não era Fausta?
INF2 Ou um dia ou, às vezes, mais.
INF1 Às vezes um dia inteiro e mais.
INF1 Depois de cozidas, depois tiram-nas –
muito batidas, muito batidas, muito batidas, e sai aquela sujeira toda.
Depois ensaboam-nas muito ensaboadinhas, muito ensaboadas,
estendem-nas a corar dias e dias ali.
Coram e regam com um regador,
borrifam com um borrifador,
regam [vocalização] aquilo até que cora.
INF3 Fazem aquilo umas sete pessoas.
INF1 Fica Depois, depois de estar assim coradinha, tornam-nas a apanhar,
tornam-nas a cozer em água limpa, sem a cinza – em em água limpa.
Bem ensaboadinhas e depois são cozidas assim com água limpa.
Depois de estarem assim branquinhas, batem-nas muito batidinhas numa lanteira – muito batidinhas, muito batidinhas –
e [vocalização], e e estendem-nas a secar.
Depois dali dobam numa dobadoira que anda assim de roda, com os paus.
e dali depois dos novelos vai para a tecedeira.
Depois de ser tecido é que vem para os donos.
Os donos depois fazem lençóis, toalhas e, e e travesseiros.
INF4 Antigamente é que era é que era para camisas de homem de linho.
INF1 Camisinhas branquinhas lindas!
INF2 E ceroulas para os homens, de estopa.
INF2 Eu ainda usei algumas.
INF1 Dava muito trabalho!
INF4 Agora não há por aí ninguém…
Ninguém sabe tecer como a gente de antanho.
INF1 Aqui havia tecedeiras.
INF1 Teciam o linho, só o linho.
E teciam a estopa, só a estopa.
INF1 E outras vezes, misturavam a a estopa com o linho, para ficarem assim as toalhas mais fortes.
Faziam toalhas e lençóis e [vocalização], e o que ca- e o que queriam.
INF2 E camisas para mulheres!
INF1 E colchões, e colchões.
Da estopa faziam colchões.
INF2 Eu ainda me lembro de minha avó e as minhas tias terem camisas camisas de linho.
INF2 E usavam-nas com umas mangas até aqui em baixo.
INF4 A minha mãe [pausa] teceu quatro mantas de la- de farrapos.
INF4 Foi quando me quiseram roubar as fitinhas.
INF1 Pois, com fitinhas de, de de pano, e [vocalização] o linho a estopa, ficava ficavam umas mantas que era um amor!
INF4 Foi junto tudo numa teia, [pausa] de linho.
INF4 Minha mãe é que tecia os sacos e as sacas.
INF2 Eu ainda me lembro de semearem muito linho.
A minha avozinha semeava.
INF4 Afinal das contas, [pausa] agora já ninguém…
INF1 Vinham aqueles rolos daquela, daquela daquilo que era uma beleza!
Aquelas meadinhas cheiravam que consolavam!
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