Sentence view
Granjal, excerto 63
Text: -
INF1 Aqui é sal só, mais nada.
Para se conservar, para para o fumeiro?
A gente [pausa] parte tudo muito miudinho, miudinho, muito miudinho para as chouriças.
INF2 E para os salpicões parte assim pedaços, consoante a gente os quer, uns maiores, outros mais pequenos – que é os lombos.
E a caluga de porco, aquela coisa grossa que se lhe tira, chamamos-lhe nós a caluga,
também se faz salpicões, rente à cabeça.
E [vocalização] E depois a gente põe numa panela…
Primeiro põe no tabuleiro aonde tem as carnes,
põe ali aquelas carnes todas.
E depois bota-se-lhe ali um bocado de alho, um bocado de sal, um bocado de colorau,
é tudo muito mexido, tudo muito arranjadinho, tudo muito compostinho,
Eu tenho lá uma uma talha assim grande.
Põe-se tudo dentro duma talha
e depois, já com o alho, e com o sal, e com um bocadinho de colorau, pouco – que depois o colorau põe-se-lhe mais quando for nos enchidos.
Depois põe-se aquilo coberto de vinho.
A gente mexe aquilo muito mexido,
muito mexido, muito mexido, fica ali a c- a curtir oito dias.
INF2 E às vezes nove ou dez, consoante está o ao frio.
Depois é que se mete na tripa.
e é que se põe tudo a secar.
INF1 Se enchem os salpicões.
INF2 A secar no lume – secar em cima…
INF1 Farinheiras, moiras.
INF2 Olhe, a gente costumamos a fazer farinheiras,
costumamos a fazer um [vocalização] fumeiro que chamam moiras,
costumamos a fazer chouriças, salpicões.
Fazemos assim, por aí fora.
INF2 [vocalização] Salpicões…
[vocalização] As moiras é de sangue é de sangue.
INF1 [vocalização] É de sangue.
Carne Carne ensanguentada.
INF2 E das carnes ensanguentadas.
E a gente também lhe bota sempre um bocado de cobro.
INF2 O cobro é das bandas.
INF1 É do que está nessa barriga.
E [vocalização] Mas para ficarem assim com muita carninha, a gente gosta de as…
Não gostamos de fazer muitas, mas bem feitinhas.
E cebola – picadinha, muito picadinha.
Depois aquela cebola é picada para uma toalha.
E depois é escaldada com água a ferver.
fica ali a escorrer até de manhã.
De manhã depois, quando a gente quer encher as moiras é que põe a cebola dentro da daquele sangue.
E [vocalização] E o primeiro dia, quando a gente mata…
INF2 Está lá umas mas já está muito seca.
INF1 Já deve estar é seca.
INF2 As morcelas fazem-se no dia que a gente mata.
A gente põe-lhe para dentro um ramo bom de salsa,
põe-lhe um bocado de canela,
INF2 Miolo e côdea e tudo.
Depois bota-se-lhe um bocadinho de água a ferver, para amolecer,
e bota-se-lhe as gorduras todas muito compostinhas na frigideira,
e [vocalização] e depois é que se mexe aquilo muito mexidinho, muito compostinho,
e depois é que se fazem as as morcelas.
[pausa] Dão muito trabalho!
INF1 Aquilo até é bom para comer logo quase na mesma da hora!
São cheias e cozidas logo numa panela de água a ferver.
Enquanto estiverem a botar, que pi- que a gente pique com um garfo, que bote sangue, não se tiram.
Edit as list • Text view