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Larinho, excerto 36

LocalidadeLarinho (Torre de Moncorvo, Bragança)
AssuntoO linho, a lã e o tear
Informante(s) Claudina Clementina

Text: -


[1]
INF1 Bom, prepara-se a terra,
[2]
o lavrador vai,
[3]
lavra [pausa] a terra duas vezes, ou até três.
[4]
É decruada e travessada,
[5]
depois é semeada.
[6]
Semeia-se o linho.
[7]
Passado tempo de o linho estar nascido, vai ver se erva
[8]
e a gente monda-o;
[9]
e depois de o linho estar grande, com a flor, a flor deita uma casulinha que é a semente.
[10]
Está pronto.
[11]
O linho O linho cresce bastante
[12]
e deita uma casulita que é a semente.
[13]
Depois a semente, depois, quando está seco, a gente arranca o linho
[14]
e sacode a semente para qualquer coisa num toldo ou qualquer coisa, como a gente lhe chama;
[15]
não pode ser na terra, no chão, não é? ,
[16]
e [vocalização] aquela semente guarda-se;
[17]
o linho, depois, quando está bem seco, aquele, o cana a cana do linho vai-se a levar para o ribeiro, para o rio;
[18]
está oito dias.
[19]
A gente vai ao ribeiro
[20]
chamamos até uns ribeirozinhos onde íamos metê-lo ,
[21]
e tapava-se,
[22]
punha-se com muitas pedras, para ele não vir acima,
[23]
ficava no fundo;
[24]
passados oito dias, a gente ia tirar o linho,
[25]
estendia-se ali por aquelas [vocalização] terras fora ou um que estivesse em volta,
[26]
estendia-se ali o linho;
[27]
e depois ia-se buscar,
[28]
quando estivesse seco ia-se buscar.
[29]
Quando houvesse vagar e se pudesse, chamavam-se [vocalização] mulheres que lhe chamavam as maçadeiras
[30]
com umas maças, maçavam, maçavam, maçavam;
[31]
depois de maçar, uma delas, ou duas ou três conforme era o linho das pessoas e que eles aqueles que tivessem muito , com umas com uns panos de estopa, esfregavam, esfregavam muito bem esfregadinho;
[32]
depois de esfregado iam para uns coisos de cortiça que lhe chamavam uns cortiços ,
[33]
e elas punham aquilo
[34]
e, com uma espadadela, espadavam,
[35]
espadavam até ficar bem espadado;
[36]
depois de espadado mais ou menos, depois passado uns tempos, não era logo tudo assim umas coisas atrás das outras, não é? ,
[37]
passado uns tempos, iam a [vocalização] [pausa] o restelo,
[38]
parece que era restelo que chamam, o restelo, a restelá-lo para ficar
[39]
Tiravam o melhor
[40]
e ficava o mais ruim.
[41]
Tiravam o linho melhor
[42]
e ia ficando o outro que se chama estopa, que era a mais grossa;
[43]
e depois faziam aquilo nas estribas chamavam estribas , passado quando pudessem,
[44]
durante o Inverno é que se fiava,
[45]
punha-se nas rocas
[46]
e fiava-se.
[47]
Aquele melhorzinho era o linho o linho fino, fiado donde é que vem o lençol, que se pode ver,
[48]
aquilo é que era linho
[49]
e o outro era estopa, que depois faziam [vocalização] colchões, que eram colchões de palha, que se metia
[50]
não era a palha que agora, os colchões e isso.
[51]
E agora desses colchões, sacos
[52]
Nessas casas ricas havia sacos para
[53]
Não havia sacos como é agora,
[54]
é sacos de estopa para a sementeira, para as colheitas, para o cereal e isso,
[55]
era esses sacos.
[56]
INF2 Para a eira.
[57]
INF1 Para levar para as eiras.
[58]
E sacos, ainda no outro dia fiz um jogo, bem bonito e a Clara também dirá terá, desses sacos grossos.
[59]
INF1 Desses sacos grossos, de que que eram antigos.
[60]
Eram antigos.
[61]
Eu tenho ali ainda alguns.
[62]
Uns bocados que ainda é para fazer alguma coisa, mas a minha idade não me permite fazer muito.
[63]
INF2 Não, não!
[64]
INF1 E E de maneira que se fazia assim.
[65]
A i- Ah, mas ainda não disse:
[66]
depois de, do disso, de estar compostinho, ia ao tear.

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