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Vale Chaim de Baixo, excerto 2

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Cirilo Cloé

Text: -


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[1]
INF1 Pois.
[2]
Era, era Era tudo deles, sim senhor.
[3]
INF1 Pronto.
[4]
Eram mesmo os cingeleiros.
[5]
INF1 para
[6]
INF1 Pois.
[7]
Transportavam cortiça, quando havia no Verão, quando havia sempre.
[8]
INF1 E quando não havia, faziam bocados de [pausa] sementeira nesses terrenos.
[9]
INF1 Pois.
[10]
Vomecê nem queira saber
[11]
vomecê não queira saber
[12]
que esta coisa de agricultura ainda teve aqui um tempo, que não havia nenhuma esteva.
[13]
INF1 Isso era Isso foi terreno tudo que deu trigo.
[14]
INF1 Isso que as senhoras estão a ver , por afora,
[15]
INF1 assim, juntamente , tudo, foi tudo terreno que deu trigo.
[16]
INF1 Pois eu?
[17]
Pois lembra-me!
[18]
INF1 Tudo, tudo limpinho!
[19]
Hoje?
[20]
Hoje é que Hoje é que não nada!
[21]
INF2 Eu lembra-me de ver a se- ver semear trigo à [vocalização] à à enxada,
[22]
INF2 cavarem a terra, fazerem as belgas e ca- e de semearem o trigo à enxada.
[23]
INF1 Pois.
[24]
É verdade.
[25]
Sim s-.
[26]
Sim senhora.
[27]
INF2 O pai da Clotilde.
[28]
INF1 Exactamente.
[29]
Chegavam ao desses matos como a gente assim, [pausa] esses matos,
[30]
[pausa] pegavam
[31]
INF1 Havia fouces roçadouras
[32]
não sei se vomecês conhecem a roçadoura .
[33]
INF1 Pois.
[34]
As- Assim.
[35]
Com um cabo comprido, roçavam,
[36]
[pausa] faziam aquilo tudo uns cordanitos mas não muito grandes, com cinco, seis metros, três, dois metros de comprido,
[37]
essa coisa no mato, aquilo é bem feito ali,
[38]
e depois deixavam umas ruas assim.
[39]
Faziam assim uma uma rua,
[40]
aqui assim era mato,
[41]
aqui assim também,
[42]
e ali era outra rua
[43]
e depois com uns alferces ainda para ali está um, que ainda
[44]
Não Aquilo não interessa,
[45]
é uma ferramenta grande
[46]
e ali eram às parelhas,
[47]
os homens eram às parelhas.
[48]
INF2 Tem aqui.
[49]
INF1 Um dum lado, outro doutro.
[50]
INF1 Pois, na rua, um
[51]
INF1 Não.
[52]
Um .
[53]
INF1 Um em cada rua.
[54]
INF1 Pois.
[55]
E então voltavam-se a terrar as belgas.
[56]
Iam terrando, por ali acima, cavando.
[57]
INF1 Chegavam a um canto de cima,
[58]
faziam faziam aquela parte,
[59]
voltavam-se ao outro lado;
[60]
o outro passava para o outro.
[61]
Voltavam esse terreno por acima,
[62]
chegavam em cima,
[63]
até que ele chegavam a fazer
[64]
E nesse tempo não era muito!
[65]
Faziam, em calhando, vinte, vinte alqueires,
[66]
a gente chamava-lhe um quarteiro.
[67]
Nesse tempo era um quarteiro.
[68]
Faziam essas partes assim:
[69]
vinte, vinte alqueires, trinta alqueires de [vocalização] belgas.
[70]
Chamavam belgas.
[71]
INF1 Belgas.
[72]
INF1 Pois, faziam limpeza do terreno.
[73]
E depois terravam isso, quando viesse
[74]
INF1 Com terra.
[75]
INF1 Tudo ficava assim abafadinho!
[76]
Era assim,
[77]
INF1 a terra ficava toda a leiva ficava toda em cima, toda abafadinha, no mato.
[78]
E depois ali eles largavam,
[79]
punham-na ali um certo tempo ali no fim do Verão, se calhar no fim
[80]
Tosse Mas seria em Agosto, a tantos de Agosto.
[81]
INF2 Ou Outubro.
[82]
INF1 Pois era.
[83]
Era em [vocalização] Outubro, essa parte assim.
[84]
Chegavam,
[85]
[pausa] largavam-lhe fogo, à ponta de baixo.
[86]
Aquilo ardia,
[87]
ia ardendo,
[88]
ia ardendo,
[89]
ia ardendo,
[90]
ia ardendo,
[91]
fazia aquela cinza.
[92]
INF2 Eram adubos que lhe punham.
[93]
INF1 E a terra ficava queimada.
[94]
Aquela terra que estava por cima, ficava queimada.
[95]
E depois agarravam então numas enxadas
[96]
[pausa] e começavam à ponta de cima, estrambalhando aquilo para esse sítio donde o tiraram.
[97]
Donde cavaram a terra para tapar a coisa,
[98]
INF1 tiravam para ali depois.
[99]
O que é não faziam aquilo vários em vários sítios.
[100]
INF1 Depois semeavam o trigo.

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