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Vale Chaim de Baixo, excerto 10

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectO sobreiro e a cortiça
Informant(s) Cirilo Ciro
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 A malta aqui pegou-se a isto,
[2]
isto tornou-se numa moda.
[3]
Pois.
[4]
INF1 Pois.
[5]
[pausa] Tornou-se
[6]
Isto torna-se numa moda,
[7]
barris de cortiça para o trabalho.
[8]
INF1 Então a malta não quer outra coisa.
[9]
INF1 Pois é.
[10]
INF1 Nem é tanto ser leve.
[11]
É a boa água que faz.
[12]
INF2 sempre água fresca.
[13]
INF1 Água fresca sempre.
[14]
INF Pois.
[15]
INF1 Ali tenho eu um que me fez a água bem ruim.
[16]
INF1 Fez-me a água bem ruim.
[17]
Mas ensinaram-me uma mezinha que eu não sabia.
[18]
INF1 Porque um não sabe tudo,
[19]
muitos é que sabem tudo!
[20]
INF1 Pois.
[21]
E é E é verdade.
[22]
Pois.
[23]
O barril fazia-me a água ruim que
[24]
[vocalização] eu parece-me que era era ter um quarto de hora de ter água, cheio de água, a água não se podia beber.
[25]
E veio aqui um gajo com uns barris para eu arranjar e outros para eu amanhar, [pausa] pois,
[26]
[vocalização] e esse é que me disse o que é que o que é que era bom para aquilo.
[27]
E eu pensei: "Será caso?;
[28]
deixa que hei-de experimentar".
[29]
Um dia pego ali no barrilinho,
[30]
como faço aquilo,
[31]
olhe, não lhe conto nada!
[32]
INF1 Pois, é a cortiça que tem mau sabor.
[33]
INF1 Mete-se-lhe água dentro,
[34]
toma aquele sabor logo mau, aquele sabor, aquele gosto esquisito, não é?
[35]
É como a podrum.
[36]
INF1 Pois.
[37]
Toma aquele aquele gosto.
[38]
E E os barris, o mesmo produto que dou a uns, dou a todos,
[39]
INF1 e uns fazerem boa água e outros não fazem!
[40]
INF2 Pois.
[41]
INF1 Pois.
[42]
Aquilo Aquilo deve de ser de da cortiça.
[43]
INF1 Conforme a qualidade da cortiça.
[44]
cortiça mais fina,
[45]
cortiça mais grosseira.
[46]
INF1 Pois.
[47]
E aquilo
[48]
E, e E deve ser disso.
[49]
E este aqui, se calhar, foi disso.
[50]
INF1 Pois.
[51]
Começou-me a fazer
[52]
Se for logo no princípio, faz a água boa;
[53]
daí começou-me a fazer uma água esquisita.
[54]
Até que eu pensei: "Deixa, que eu te digo"!
[55]
Disseram-me aquilo, oh!
[56]
É sal virgem
[57]
Tosse É sal virgem.
[58]
Fulano arranja uma manchinha de sal virgem,
[59]
mete ali dentro da bilha,
[60]
[pausa] pranta-lhe uma pinguinha de água, poucochinha,
[61]
vai bandeando nele, muito bem bandeadinho, muito bem bandeadinho, para um lado e para outro,
[62]
vai-lhe
[63]
e põe-lhe mais uma pinguinha de água,
[64]
vai bandeando, bandeando muito bem o barrilinho por dentro, com aquele sal,
[65]
aquilo até se vão lascando dentro.
[66]
INF1 Vai bandeando,
[67]
vai bandeando,
[68]
torna a bandear
[69]
e mete-lhe mais outra pinguinha de água,
[70]
quando estando grosso, bandeia um belo pouco
[71]
[pausa] e deita a água fora.
[72]
INF1 Mete-lhe mais água nova, pois, água limpa,
[73]
lava tudo bem lavadinho,
[74]
enche-o de água.
[75]
Deixe-o estar ali um dia ou dois, [pausa] que ele gosta
[76]
INF1 Que ele gosta.
[77]
INF1 Olha que até parece mentira!
[78]
INF1 Aquilo o sal derrete
[79]
[pausa] e passa pela cortiça toda.
[80]
INF2 Pois, e é
[81]
INF1 E passa para dar um produto qualquer de bom sabor.
[82]
INF1 Que é isto, que é isto Que é isto que me eu que eu quero crer que seja, talvez.

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