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Vale Chaim de Baixo, excerto 16
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INF1 A gente racha a cortiça.
A gente chegamos ao pé duma sobreira…
[pausa] Primeiramente, a cortiça [vocalização] as cortiças, [vocalização] ainda hoje ainda hoje se vierem pessoas fazer, calhando, a maior parte delas não sabem.
INF1 Tira-se um trinco à cortiça.
a cortiça tem que ter nove anos.
INF1 Se a gente tira com dez, pois…
[pausa] A cortiça está ali,
como é que a gente sabe se ela tem nove, se tem dez?
Tiramos um trinquinho à cortiça e depois…
Temos uma faquinha afiadinha,
E depois de cortar na cortiça…
Se tem dez anos, tem dez linhas;
[pausa] se tem onze anos, tem onze linhas.
e às vezes aquilo não descobre bem, está a compreender?
Se a gente não se descobre bem, a gente molha assim o dedo
[pausa] e esfregamos assim na cortiça.
uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove.
[pausa] Já contamos dez linhas, ou nove linhas.
Agora prantam aí um cinco, ou prantam um quatro, ou prantam um três, conforme é, conforme a era, pronto.
"Olha, é duma era de mil novecentas e tantas"!
INF2 Mas é só os que andam por aí .
INF1 E eu: "Olha, já tem tantos anos"!
Pronto, é só chegar ao pé e tirar.
INF1 Não tem ciência nenhuma, aquilo!
[pausa] De agora não tem ciência!
INF1 Quando chegarem ao pé duma sobreira…
O que tinha ciência era às vezes ter que contar as linhas.
INF1 Que a gente às vezes malhávamos-se ali um belo pouco [pausa] a contar as linhas.
INF1 E eles então fazem o seguinte agora:
marcam logo as sobreiras que é para, que é que é para não não ter esse empate, não ter…
O tempo que os homens estavam ali à espera de contando aquilo…
Agora enfiam-lhe a coisa e pronto.
INF1 Põem a data e tiram.
INF1 Naquele Naquele tempo era assim tudo.
Ao meio do, da sobreira [pausa] Ao meio da sobreira, fazíamos um redondo em roda [pausa] da sobreira.
INF1 Com o machado, íamos ali cortando,
Depois de ter, cortávamos para baixo [pausa] em três ou quatro pranchas, não é?
[pausa] Depois deixávamos uma da parte da frente –
na parte da frente não se tirava –
e rachávamos por aí acima outra vez.
E essa que ficava da parte da frente ficava ali.
Abríamos aquela para para os lados,
metíamos ali uns bocadinhos de cortiça dum lado, outros bocadinhos de cortiça do outro.
[pausa] Quando a gente éramos sozinhos, íamos lá para cima depois,
fazíamos o corte lá por cima nas pernadas,
fazíamos os cortes como havia de ser,
empurrávamos as as pernadas para o chão,
outras também do outro lado,
e depois chegávamos ali ao pé do pé…
Às vezes estava uma pessoa cá por baixo.
E depois logo o resto aquilo saía tudo que era uma beleza!
E essa folha que ficava ali na frente, que era para a gente subir para cima.
INF1 Pois, era para a gente subir.
E [vocalização] E hoje não.
E hoje vão aí ao pé duma sobreira
INF1 Era a última a tirar.
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