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Vale Chaim de Baixo, excerto 20
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INF Então as senhoras são daonde?
Eu Eu sou uma pessoa que sou analfabeta.
E já publiquei dois livrinhos.
INF Tenho este Tenho este prazer.
E há uma coisa que tenho um grande desgosto
e gostava de não morrer sem re- ir realizar este sonho: era ir à televisão dizer poesia.
INF E eu como não sei ler, não…
INF Não tenho [vocalização] comunicações nenhumas com pessoa nenhuma,
INF Eu mandei um livrinho lá para o senhor Marco Paulo,
mas não sei se ele o recebeu, se não.
INF Gostava de ir ao programa dele.
INF Que ele também é um rapaz do campo e isso.
INF Mas não tenho direcção,
INF Mandei por mãos [pausa] porque não sabia a…
INF Havia um senhor que fornece o armazém do meu filho,
INF e [vocalização] que tem uma irmã que vive lá perto dele.
INF Mas não me soube dar a direcção nem nada.
INF Pois, eu gostava de ir.
INF Quer dizer, eu vou faço a poesia.
E depois há uma menina, que eu vou…
e a menina vai escrevendo.
E [vocalização] quando assim que já tinha que desse [vocalização], e eu mandava para o rádio.
o rádio [nomepróprio], o rádio Lagoa.
E depois houve um poeta do Algoz,
INF que é o Manel Américo dos Santos, [pausa]
ouviu a [vocalização] minha poesia
e depois eu f- eu fui lá fazer entrevistas – duas entrevistas lá ao rádio –
e [vocalização] e depois o senhor disse que eu que era bonito fazer um livrinho,
INF para deixar para memória, porque era uma pessoa analfabeta,
e era uma pessoa da terra, nascida da terra,
E então eu, nessa altura, pus assim ideias de fazer o livro.
Mas pensei: "Não posso [pausa] porque não tenho ajudas,
nem tenho posses para isso"!
O senhor disse-me: "Olhe, vá, peça ajudas às juntas de freguesia, [pausa] que eles ajudam!
INF Mas ajudaram poucachinho.
E eu ali naquela altura, pensei assim: "Eu, calhando, dou feito".
Mas fui pedir mas não aceitavam.
Aquilo a edição era aí uns, uns tre- uns trezentos contos.
E depois eu [pausa] fiquei com pena
fiquei com pena de não publicar o livro.
INF E então nessa altura, esse poeta ouvia a minha poesia
e e ofereceu-se a passar à máquina para ir para o editor.
INF E então arranjava a poesia aqui no Algarve, em Algoz e – ali em Lagoa –,
e eu ele depois mandava para Lisboa.
Em Lisboa é que era arranjado.
INF naquela altura que eu…
Olhe, desses tenho só para aí dezasseis [pausa] livros.
INF [vocalização] Foi a publicação agora dia 18, [pausa] minha senhora.
Mas eu naquela fase que eu [pausa] pensava que havia de fazer o livro…
INF que dava, assim como o senhor dizia, que dava feito;
INF Mas depois o meu marido disse assim: "Olha, tu [pausa] já que tens tanta pena,
e eu já agora, também tenho pena já de não fazeres…
Eu pranto um tanto da minha algibeira, que é a mesma que a tua,
INF cá para o nosso governo da vida, pronto,
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