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Vale Chaim de Baixo, excerto 21

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoO linho, a lã e o tear
Informante(s) Corália

Text: -


[1]
INF A gente escolhe sempre um bocadinho de terra mais quente, mais quente, mais direita para semear o linho.
[2]
[pausa] E deixa-se assim junto
[3]
e o linho ali nasce
[4]
e [vocalização] e vai-se criando,
[5]
faz-se forte porque a terra é logo boa para isso ,
[6]
e depois quando vindo , que ele dando em estar assim amarelinho, amarelo, apanha-se.
[7]
Apanha-se,
[8]
faz-se logo aos molhinhos, logo aos molhinhos.
[9]
E depois dos molhinhos, [vocalização] põe-se leva-se para o lago, que é para a água.
[10]
Põe-se na água,
[11]
deixa-se estar nove dias de água;
[12]
e depois quando vindo findo os nove dias de água, está assim podre.
[13]
A gente tira-o,
[14]
põe os espalha-o assim na terra para ele enxugar;
[15]
e depois quando estando enxuto, vai ser vai ser gramado, assim com uma grama, que é uma coisa assim, [vocalização] ao jeito do martelo,
[16]
vai-se assim, pisando assim que é para se gramar,
[17]
e vai-se tirando aquelas coisas, aquelas paus que tem.
[18]
fica a assim a estopa.
[19]
A li- O linho.
[20]
fica o linho.
[21]
Aqueles paus saem
[22]
e fica o linho, que é mesmo
[23]
INF É o, é o É os paus do linho.
[24]
Não têm,
[25]
não têm.
[26]
Não, não têm.
[27]
INF É os paus que vão dali;
[28]
se aproveita o linho, pronto!
[29]
Esses paus jogam-se, pronto!
[30]
INF Sim, a isso que aproveita é a fibra,
[31]
é o linho.
[32]
Pois.
[33]
E depois daí, a gente, aquilo fica assim comprido,
[34]
a gente tem um sedeiro que é uma tábua com muitos bicos assim, que é pregos
[35]
e a gente passa com o linho ali por cima
[36]
e vai deixando a estopa atrás, que é
[37]
E fica o linho que é assim uma coisa, uns fiozinhos, uns fios, quase que fios.
[38]
E então, a gente ali depois fia aquilo que é o linho,
[39]
faz umas linhas muito fininhas,
[40]
muito fininhas, [pausa] e e a estopa é mais grosso, que é para os sacos.
[41]
O linho [pausa] é para a é para fazer o pano de linho,
[42]
e a estopa que se que sai dali, que é mais grossa, é para fazer os sacos, o pano dos sacos.
[43]
E [vocalização] E depois dali, a gente fia, consoante a gente pode, não é,
[44]
vai-se fiando.
[45]
INF Numa roca.
[46]
INF Eu tenho ali roca,
[47]
tenho fuso,
[48]
tenho tudo.
[49]
Até tenho ido a muitos sítios fiar, a muitas festas.
[50]
E [vocalização] E então fia-se,
[51]
e depois aquilo de estar fiado, fica numa maçaroca ali assim na no fuso,
[52]
depois tira-se,
[53]
vai ao sarilho,
[54]
é sarilhado,
[55]
muito bem sarilhado, e depois fica em meada,
[56]
põe-se
[57]
Vai a cozer:
[58]
coze-se com cinza e [vocalização] e água, tudo
[59]
INF Ao lume.
[60]
Num tacho grande ou num caldeiro grande.
[61]
INF Coze-se ali as meadas que a gente quiser,
[62]
cozem-se ali com cinza e água.
[63]
E depois de estarem cozidas, deixa-se para no outro dia,
[64]
ficam ali naquela água com cinza, ali assim a cozer, cinza, lenha de azinho, que é li- lenha boa.
[65]
Depois no outro dia vão vai-se à ribeira,
[66]
lava-se muito bem,
[67]
muito bem, muito bem, põem-se a corar,
[68]
vai-se no outro dia,
[69]
dá-se outra voltinha,
[70]
e vai-se corando assim,
[71]
vão-se corando e vão-se molhando e vão-se corando,
[72]
ficam branquinhas.
[73]
Depois dali, vai, torna-se a meter na dobadoira outra vez.
[74]
Torna-se a ir para o para a dobadoira
[75]
e e vai-se fazendo em novelos que é para ir para a tecedeira.

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