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Vale Chaim de Baixo, excerto 37

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectA caça
Informant(s) Cirilo
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Era a caça ao gambozino.
[2]
Não se esqueça.
[3]
[pausa] O meu pai que Deus tem Deus lhe perdoe, Deus lhe perdoe, pois
[4]
Houve uma coisa dessas dos gambozinos, uma parte
[5]
Sempre marotos!
[6]
INF Pois.
[7]
Sempre marotos!
[8]
E então combinaram para ir à caça do gambozino.
[9]
Pois.
[10]
Onde o meu pai, que Deus tem o meu pai é, que Deus tem, é que contou que fez aquela parte.
[11]
E então quem é que vai bater?
[12]
Havia a porta daquelas daquelas vinhas não é? ,
[13]
havia vinhas,
[14]
e então havia aquelas grandes.
[15]
E havi- E na porta das vinhas havia um biqueirão por onde a água corria.
[16]
Vinha de dentro das vinhas,
[17]
ia andando,
[18]
a água vinha nas cheias,
[19]
havia aquela porta daquele biqueirão.
[20]
"Olha, vais-te prantar.
[21]
Vamos ao gambozino,
[22]
que é que vai o gambozino, e a gente daqui damos aqui uma uns arrulhos e tal,
[23]
e tu vais-te prantar com a saca".
[24]
Bom, o meu pai, que Deus tem, pega nele: "Sim senhor, ó minha vida",
[25]
pega na dita saca
[26]
e foi-se prantar em baixo à porta desse, de- dessa azenha.
[27]
E eles dentro deram um arrulho
[28]
e [pausa] e partiram
[29]
e vieram-se embora para casa, para as arramadas.
[30]
Iam-se deitar.
[31]
Meu pai, que Deus tem, esperou,
[32]
esperou,
[33]
esperou,
[34]
esperou,
[35]
esperou,
[36]
esperou,
[37]
esperou,
[38]
não viu mais nada.
[39]
Pensou: "Ah ladrões, então isto não aparece aqui nada"!
[40]
Deixou,
[41]
foi-se embora.
[42]
Chegou ,
[43]
estavam eles todos a dormir!
[44]
Depois ele: "Deixa estar, filhas da puta, que eu te digo.
[45]
Deixa estar que te digo".
[46]
E neste tempo usavam sapatos.
[47]
[pausa] Pois.
[48]
Usavam sapatos
[49]
[pausa] Vai ao dos sapatos dum,
[50]
puxa-o para fora,
[51]
arreia a calça:
[52]
tã-tãi, uma cagadela dentro!
[53]
Uma cagadela dentro.
[54]
Pegou nos sapatinhos eles estavam dormindo
[55]
e pôs no mesmo sítio.
[56]
Pronto.
[57]
Bom, [pausa] no outro dia de manhã, o gajo alevanta-se para calçar os sapatos,
[58]
[pausa] vai ver enfiar o e ah!
[59]
Tudo Tudo tapado em, em Risos em cocó, broas,
[60]
diz ele assim: "Ah ladrões!
[61]
Quem seria o ladrão"?
[62]
Diz o meu pai que Deus Deus lhe perdoe assim nesse tempo:
[63]
"Olha, então não sabes quem foi"?
[64]
"Eu não".
[65]
"Então, isso foi os gambozinos, !
[66]
[pausa] Foi os gambozinos.
[67]
Vocês vieram aqui,
[68]
afincaram-se a dormir,
[69]
que os gambozinos até merdaram para dentro da saca.
[70]
Pois.
[71]
Deixa que os gambozinos até merdaram para dentro da saca".
[72]
"Qual gambozinos nem gambozinos!
[73]
Fostes tu"!
[74]
Depois quiseram quiseram dar porrada no meu pai, que Deus tem,
[75]
mas os outros não deixaram.
[76]
INF "Tu é que foste o culpado,
[77]
e tu é que foste o culpado,
[78]
portanto agora não lhe tocas.
[79]
Isso foi Isso foi os gambozinos"!
[80]
INF Foi uma história do gambozino!

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