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Vale Chaim de Baixo, excerto 49
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Não, não, não, não, não, não.
INF Aquilo não é uma folosa!
INF Pois tem que ser uma folosa.
INF Vão pôr ao ninho dos outros,
INF O cuco é que vai pôr os ovos nos ninhos da folosa.
INF mama-lhe os ovos da folosa
INF É um pássaro tão desgraçado que nem sequer um ninho sabe fazer!
INF Mas, a folosa não é destas.
As folosas são são pretas.
As folosas são de gorro preto.
INF Assim de cabecinha de preta!
Que eu já já tenho encontrado aí…
At- Até uma vez, até encontrei um cuco…
Tinha os meus, talvez os meus quê?, os meus oito ou nove anos.
INF Andava guardando um rebanhito de porcos
e uma vez fui ao Vale da Serva – que é na parte do Vale de Feixe –
e havia lá uma grande jardeira.
chama a gente uma jardeira
é onde lá dá muita carqueija.
Assim, uma chapada muito grande, toda tapada em carqueija, era uma jardeira.
E eu passei por lá, [pausa] parece-me –
não sei que é que eu fui para lá fazer,
e onde encontrei um ninho de folosa com um cuco dentro.
INF E eu pego nesse dito cuco –
o cuco estava já assim grandote –,
dava-lhe gafanhotos [pausa]
Mas nunca lhe fiz foi uma gaiola,
se lhe tenho feito uma gaiola, ele em calhando,
INF não sei se eu não o possuiria ainda hoje,
mesmo só se ele tivesse morrido de velho.
Mas eu depois tinha um casaco de cotim – que era o que se usava, aqueles casacos de cotim –,
e guardava o cuco na algibeira do casaco.
Guardava o cuco na algibeira do casaco.
E depois vinha com os porcos à frente,
um sítio que lhe chamam a Eira do Machado,
e aquilo havia muito seixo.
INF Os seixos batiam uns nos outros
E eu gostava de ver aquilo, não é?
Os porcos à frente e eu atrás, faiscando os seixos,
onde me salta o cuco da algibeira para o chão,
e ponho-lhe o pé em cima,
INF Ai, que fiquei tanto…
Fiquei tão tão, tão, tão, tão aborrecido, tão descontente, com aquilo que ninguém queira saber!
E matei o bichinho, pronto!
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