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Lavre, excerto 6

LocalidadeLavre (Montemor-o-Novo, Évora)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Aramis

Text: -


[1]
INF Antigamente, os antigos, os lavradores antigos, ainda lavravam aquelas terras,
[2]
ainda semeavam umas folhas de de cevada para depois os gados comerem, enfim.
[3]
Tratava- Hoje fazem muito é mais também isso, mas isso para sementeiras para os gados.
[4]
Não é para, para, para para aceifar, como se aceifava dantes.
[5]
Aceifava-se isso tudo.
[6]
Agora não.
[7]
Agora, [pausa] donde pode entrar uma máquina, vai .
[8]
[vocalização] não ninguém que saiba aceifar, ninguém que aceife ninguém que se aceife.
[9]
E acho bem de ter acabado essas coisas porque as máquinas para trabalhar.
[10]
INF [vocalização] Haja Haja máquinas para fazer o serviço!
[11]
INF Pois.
[12]
INF É.
[13]
Isso é que é pena!
[14]
INF Essa é que é pena!
[15]
Olhe que eu tenho eu tenho uma op- uma opinião
[16]
[pausa] Bem
[17]
INF Mas olhe que eu vou-lhe dizer uma coisa que eu no meu no meu ver
[18]
[pausa] Era uma coisa que havia de acabar dentro do nosso país [pausa] era o fundo de desemprego e os subsídios.
[19]
Isto, vamos entrar por um bocadito de política
[20]
mas olhe que eu não sou político de maneira nenhuma.
[21]
Eu não quero nada com a política.
[22]
INF Eu não não tenho
[23]
A minha vida não é essa!
[24]
Mas eu
[25]
Sabe porque é que eu digo isto?
[26]
[pausa] Eu às vezes ponho-me a pensar:
[27]
se não houvesse subsídios, se não houvesse fundos de desempregos, talvez não houvesse tanta falta de trabalho.
[28]
INF Não sei!
[29]
Não tem nada que saber!
[30]
É que É que eles tinham que resolver o problema doutra maneira.
[31]
INF Ai, não, não.
[32]
Olhe que não, não, não.
[33]
Ó minha senhora, não me diga coisas dessas!
[34]
Porque: então se se todo o o povo [vocalização] não tivesse esta coisa dos do fundo de desemprego, ou o subsídio para vir vivendo, que é preciso, não é, vamos
[35]
INF Eu não estou contra isso!
[36]
INF [vocalização] Eu pensava que se não houvesse essas coisas, talvez se resolvesse melhor porque podia não havia tanta fábrica a fechar, não havia tanto lavrador a deixar de fazer serviços ainda havia essas coisas assim.
[37]
Porque, é claro, não podia ser [vocalização].
[38]
É que os lavradores, vamos , os lavradores depois também precisam da gente.
[39]
Não é a gente que precisa dos lavradores.
[40]
INF O lavrador também precisa da gente.
[41]
Agora aqui, o lavrador pensa assim:
[42]
"Ah, venho tirá-los trá-los para tirar a cortiça que é o que rende dinheiro".
[43]
Uma máquina para tirar ou para ceifar ou para cortar, pronto, não querem não queriam saber de mais nada.
[44]
E antigamente não era assim.
[45]
precisavam da gente para cultivar, para tratar daquilo tudo, para para as coisas andarem para diante.
[46]
INF Por isso é que eu digo:
[47]
se se os subsídios que muita gente
[48]
INF Pois.
[49]
Pois,
[50]
centenas.
[51]
INF Centenas.
[52]
Por isso, se não houvesse essas máquinas
[53]
INF Bom, mas , também, , dou eu [pausa] com razão que haja [vocalização] coisa.
[54]
Mas é que também uma coisa:
[55]
é que se houver muita máquina a fazer serviço, tem que haver homens que estão a fazer serviço.
[56]
INF Quanto mais ho Quanto mais trabalho , mais por fazer,
[57]
não se esqueça disso.
[58]
INF Quanto mais trabalho , mais por fazer.
[59]
INF Quanto mais trabalho se faz, mais por fazer.
[60]
Isso não tenham dúvida.
[61]
A gente faz um trabalho qualquer,
[62]
depois tem que se continuar o trabalho.
[63]
Portanto mais quanto mais trabalho se fizer, mais trabalho por fazer.
[64]
INF Portanto, isto é uma opinião minha, hem!
[65]
INF para o lado doutras coisas, não quero!

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