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Ponta Garça, excerto 4

LocalidadePonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
AssuntoA criação de gado
Informante(s) Amílcar Aristóbulo Amós

Text: -


[1]
INF1 É [vocalização] um lavrador ou um [vocalização] .
[2]
INF2 É o cabreiro
[3]
INF1 Aqui, um pastor até é um cabreiro.
[4]
É o de de ovelhas ou de cabras.
[5]
INF3 Nunca foi hábito aqui chamar pastor.
[6]
INF1 É
[7]
O pastor é [vocalização]
[8]
INF1 É das ove- [pausa] O lavrador é de vacas [pausa] aqui, aqui.
[9]
INF3 De vacas.
[10]
INF1 De ovelhas é que é o pastor.
[11]
INF1 É um pastor.
[12]
INF1 E de cabras também é um pastor.
[13]
INF1 Cabreiro também.
[14]
Chamavam-lhe cabreiro
[15]
mas é daquele gado miúdo é pastor.
[16]
INF3 É cabreiro.
[17]
INF1 Não senhora.
[18]
Não senhora.
[19]
Ovelhas à parte e [vocalização] cabras à parte.
[20]
INF1 [vocalização] Quem tinha rapazinhos levava;
[21]
quem tinha filhos seus levava, não é?
[22]
INF1 Quem não Se não tinha, ele amanhavam-se sozinhos, não é?
[23]
INF1 Ele no tempo, ora
[24]
INF1 No tempo, o que é que tinha?
[25]
Era dez, doze vaquinhas
[26]
e era se tive-
[27]
INF3 E era o máximo.
[28]
INF1 E era o máximo.
[29]
INF2 E mais.
[30]
INF1 Dez, doze.
[31]
Ora se o meu pai
[32]
O meu pai sempre foi lavrador
[33]
e os meus irmãos foram todos lavradores,
[34]
e eu nunca conheci-lhe mais que dez, doze ove- vacas.
[35]
E depois é que ele à maneira que a gente se foram casando é que foram se montando
[36]
INF1 E hoje está mais.
[37]
INF1 Então, um lavrador, aquilo dava-lhe para sustentar aquela casa de dez filhos.
[38]
INF1 Ah!
[39]
Da terra?
[40]
Não dava.
[41]
INF2 Andava o pastor
[42]
INF1 Um .
[43]
Um .
[44]
INF1 Desculpe, não senhora.
[45]
Porque não havia leite a tirar duas vezes ao dia;
[46]
era uma vez ao dia
[47]
INF2 E era muito.
[48]
INF1 Ele o gado não era tratado como é hoje em dia.
[49]
ia para o pasto,
[50]
ficava, se o tempo estava bom.
[51]
Se não estava bom, vinha para os currales de Inverno.
[52]
INF2 Ali.
[53]
INF1 Eram Era uma boiada de Inverno,
[54]
vinha tudo para os currales.
[55]
Não Não ficava fora.
[56]
INF1 Eram Eram aqui mesmo abaixo dessa casa.
[57]
Era o curral do meu pai.
[58]
Era ao ar livre.
[59]
Era tapado com combros de cana em toda a volta, e a gente amarravam-nas pela cabeça, ali, e com uma manjedoura,
[60]
e deitavam as comidas que faziam.
[61]
Comidas, às vezes, [vocalização] inferiores a essas de hoje, porque eram, às vezes, comidas meias podres que se aproveitava porque não havia Provimi essas rações.
[62]
Não havia nada disso.
[63]
INF1 em volta mesmo.
[64]
INF3 Às vezes, às vezes tinham
[65]
INF2 Havia alguns que tinham.
[66]
INF1 Alguns tinham a arribana; mas muito poucos.
[67]
INF3 Era poucos.
[68]
INF1 Muito poucos.
[69]
E dizem
[70]
INF1 Cada pessoa!
[71]
E usavam mais até um curral era para os bois de trabalho.
[72]
Para as vacas, não.
[73]
INF1 Servia sim senhor.
[74]
Tratavam o gado
[75]
INF2 Ele era, era.
[76]
INF3 Não.
[77]
É um piso !
[78]
INF1 É,
[79]
é.
[80]
Ele é:
[81]
o animal está aqui,
[82]
faziam um abrigo aqui por cima.
[83]
E [vocalização] é um piso.
[84]
Aqui nunca houve
[85]
INF1 Ele até ia ali coiso era rente a uma barreira, rente a um um combro de canas.
[86]
faziam o seu amanho pa- para o gado estar ali bem.
[87]
INF1 Sim, sim.
[88]
E muitos era ao ar livre.
[89]
INF2 O tecto era de palha.
[90]
INF1 Eh, não havia [vocalização]
[91]
Não, não era de palha;
[92]
era uma coisa para amanhar .
[93]
INF1 Com o gado.
[94]
INF1 É tudo.
[95]
É os animais todos.
[96]
Aquilo é tudo gado.
[97]
INF3 São as vacas.
[98]
INF1 As vacas, as cabras, ovelhas, isso é tudo gado, não é?
[99]
INF1 Tudo gado.
[100]
A gente trata isso tudo gado, não é?

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