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Ponta Garça, excerto 10

LocalidadePonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Amílcar Amoedo Amós

Text: -


[1]
INF1 É um [vocalização]
[2]
Como é o nome daquilo?
[3]
INF2 O bacorinho.
[4]
INF1 A gente tratam o bacorinho.
[5]
INF2 Ou um leitão.
[6]
INF1 É [vocalização] um marrãozinho.
[7]
INF1 Ou leitão também.
[8]
INF2 Então, ou ou um leitãozinho, ou um bacorinho.
[9]
À maneira que vai crescendo vai tendo outros nomes.
[10]
INF1 Mas aqui se tratavam muito era bacorinhos.
[11]
Bacorinhos.
[12]
"A porca teve tantos bacorinhos"!
[13]
INF1 eram ele marrõezinhos.
[14]
INF3 Não era sempre bácoros?
[15]
Era sempre bácoros.
[16]
INF1 Era sempre bácoros até vender.
[17]
INF1 Bácoros.
[18]
Bácoros.
[19]
[pausa] Até vender!
[20]
E depois eles cresciam mais:
[21]
"Ah, tenho um marrãozinho"!
[22]
[vocalização] a gente criavam
[23]
INF3 Até oito semanas era bácoro.
[24]
E depois era marrão, depois de oito semanas.
[25]
INF1 Era [vocalização] marrãozinho.
[26]
INF1 Um marrão.
[27]
Marrãozinho.
[28]
Eu estou dizendo marrãozinho porque era mais pequenino.
[29]
Um marrão é ma- mais grande.
[30]
INF1 Era Ele era uma marroazinha.
[31]
INF1 Uma marroa.
[32]
Ou uma bácora.
[33]
Uma bácora fêmea.
[34]
Ou [vocalização] uma marroa.
[35]
INF1 É um [vocalização] gamelão.
[36]
Um gamelão em madeira.
[37]
INF1 Um garnel [pausa] para lhe eles não foçar.
[38]
INF2 Para não foçar.
[39]
INF1 Uma ve- Um garnel.
[40]
INF2 Uma vergazinha.
[41]
INF1 Agora não se usa isso porque os currales são todos acimentados.
[42]
Mas no tempo usava-se muito isso.
[43]
INF1 [vocalização] Havia gente que matavam leitãos quando se [vocalização] novos.
[44]
E tratavam isso era um leitão:
[45]
"Vamos comer hoje um leitão".
[46]
INF3 Nunca foi hábito.
[47]
INF1 Mas mui- não era muito hábito aqui, não é?
[48]
INF1 Agora é que f- vão usando mais.
[49]
"Ai, vou Ai, hoje vai-se matar um leitão"
[50]
Se a gente É um leitão.
[51]
É um marrãozito grande, novo,
[52]
pois aproveitam e é que fazem o leitão, comem aquilo.
[53]
INF1 é muito
[54]
é de agora.
[55]
Isso é de agora.
[56]
No tempo não não usavam isso.
[57]
INF3 Isso é mais Isso é mais um costume importado do Continente.
[58]
Isso é:
[59]
os continentais a virem para e a gostarem muito do leitão
[60]
e habituaram também os açoreanos também a comer leitão.
[61]
INF2 Não comiam disso.
[62]
Isso não se preparava.
[63]
INF1 Não senhora.
[64]
Aqui era muito raro.
[65]
Ele era muito raro.
[66]
INF1 Era grande.
[67]
[vocalização] Criavam aquilo de um ano, um ano e tal.
[68]
Até havia no tempo que criavam porcos de quatro anos.
[69]
Para ca- Isso é que fazia um bom porco!
[70]
De quatro anos!
[71]
INF2 Não.
[72]
Ele não!
[73]
INF3 Sim, sim.
[74]
O porco para ser saboroso tem que ter anos como pés.
[75]
INF1 Como pés.
[76]
Exactamente.
[77]
INF1 O porco para ser saboroso [vocalização] ele, a o conduto de porco, a comida dele toda ele é para ser ele deve ter anos como pés.
[78]
Quatro anos!
[79]
E, no tempo, havia muitas casas a nossa casa era uma delas que matava era sempre porcos de quatro anos.
[80]
INF2 Era quatro anos.
[81]
INF1 Agora não.
[82]
É de ano,
[83]
é de meses,
[84]
[pausa] matam e comem
[85]
INF1 Havia, sim senhor.
[86]
Isto é matador,
[87]
isto é matador,
[88]
isto é trabalha nos porcos que é uma maravilha!
[89]
Eu não sei traba- Não sei trabalhar nada em porco.
[90]
Ele até não gosto de ver matar.
[91]
INF1 Não,
[92]
por enquanto, não gosto de ver matar.

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