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Ponta Garça, excerto 16

LocalidadePonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Anacreonte Amílcar Amós

Text: -


[1]
INF1 Anacreonte.
[2]
INF1 [vocalização] Cinquenta e do- Sessenta e dois.
[3]
INF1 Sim senhor.
[4]
INF1 Eu É sim senhora.
[5]
, [pausa] Trabalhei em moleiro e em barroqueiro.
[6]
E eu agora sou camponês.
[7]
INF1 Ele [vocalização] A gente trabalhava com umas bestas, a acartar madeira, a acartar enchimento para as estufas.
[8]
INF1 [vocalização] Sim senhor.
[9]
Ou arreeiro.
[10]
A gente trata o [vocalização] o barroqueiro é um arreeiro.
[11]
INF1 É sim senhora.
[12]
É a mesma coisa.
[13]
[vocalização] A gente ia tirar queiró para o mato [pausa] que era para as estufas.
[14]
E depois, [vocalização] o moleiro é [pausa] bater às portas de dos fregueses para levar as saquinhas para o moinho.
[15]
É o que a gente fazia.
[16]
INF1 Era moinho de água.
[17]
INF1 Que era
[18]
Era de de fazer a papa de carolo.
[19]
INF1 Era o o moinho de mão.
[20]
A gente tratava o moinho de mão.
[21]
INF1 Isso é o moinho de vento.
[22]
INF2 Tafona.
[23]
INF1 Não, não é tafona.
[24]
Isso é o moinho de vento.
[25]
É o que a gente tratava o moinho de vento.
[26]
INF2 Tafona é com uma besta dentro de uma casa que não se fecha.
[27]
INF1 Não.
[28]
INF2 O moinho de vento é fora.
[29]
O moinho de vento, o vento é que f- está girando.
[30]
Agora dentro duma casa é uma tafona.
[31]
um um animal, uma burra ou um burro, puxando aquilo
[32]
INF1 Ah, e é uma tafona!?
[33]
Não, uma tafona
[34]
INF2 É uma tafona.
[35]
INF3 Então tu não te lembras disso?
[36]
INF1 Não.
[37]
Não me alembro disso.
[38]
Das tafonas, eu não me lembro.
[39]
INF2 Não.
[40]
INF2 Não senhor.
[41]
Não senhor.
[42]
INF1 Havia aqui no Pico
[43]
mas eu não me lembro dele de esse moinho moer.
[44]
Eu não me lembro de ele moer.
[45]
INF2 O meu irmão lembra-se.
[46]
Aquele meu irmão lembra-se dele aqui mais acima.
[47]
Andando por esse caminho fora havia um moinho de vento.
[48]
Ainda está as paredes.
[49]
Ainda estão as paredes.
[50]
Mas eu não me lembro de o moinho andar.
[51]
INF1 Aquilo ele ele vinha era numa levada.
[52]
Vinha do nascimento,
[53]
a gente fazia a levada
[54]
e chegava ao que a gente trata o cubo.
[55]
E depois em baixo faziam a, com bocados de madeira, a fecharia do moinho, que era para sair conforme a água
[56]
Conforme a água:
[57]
se fosse muita água, [vocalização] trabalhava com três dedos,
[58]
se fosse pouca, trabalhava com dois, que é para dar a força no penado [pausa] que é para ele para a pedrinha andar de roda para ele para o moer, para como é que se diz? para moer o milho, para fazer farinha.
[59]
INF1 Era sim senhor.
[60]
INF1 É a fecharia do moinho.
[61]
INF1 É,
[62]
a fecharia do moinho [pausa] que a gente
[63]
INF1 Era sim senhora.
[64]
Aquilo era a fecharia que a gente fazia com madeira.
[65]
Com a pressão da, d- do cubo, que era alto, [vocalização] fazia aquela pressão que saía com muita força que era para [pausa] para bater no penado, que é para andar de roda, que era para para moer o milho, para fazer farinha.
[66]
INF1 [vocalização] O penado é uma roda que é que está em baixo, de madeira [pausa] com penas que a gente tratava o penado.
[67]
É com penas de madeira que a gente fazia.
[68]
Trabalhava com pedras de ferir lume em baixo, assim.
[69]
INF1 [vocalização] Uma pedra de ferir lume, [pausa] que a gente achava no Calhau.
[70]
Naquelas pedras que ele a gente faziam um buraquinho botavam um em cima e outro em baixo.
[71]
Que a gente A de ci- A de baixo, chamavam a reles,
[72]
e a de cima era o aguilhão [pausa] que andavam naquela outra [pausa] que era para o para o penado andar ali
[73]
INF1 A reles
[74]
e o e o de cima era o aguilhão.
[75]
INF1 Ele ficava [vocalização] como é que se diz? na ponte.
[76]
A gente tratava a ponte.
[77]
E depois tem aqui [vocalização] tem aqui o espojadouro
[78]
e tem uma agulha, que era de alevantar a pedra e de abaixar.
[79]
INF1 O espojadouro era de a gente desencravar o moinho que tinha um desencravador.
[80]
um prego com uma varinha, um prego desses grandes,
[81]
a gente tinha o buraco que a gente tratava o espojadouro,
[82]
quando o moinho encravava, a gente [pausa] chegava à fecharia,
[83]
dava assim com o prego,
[84]
saía a [vocalização] aquelas espadas ou coisa,
[85]
o moinho começava a trabalhar.
[86]
INF1 É quando Sim senhor.
[87]
E chegava ali se era se não podia sair,
[88]
tapava aquele buraquinho.
[89]
A gente ia com o prego
[90]
[pausa] e aquilo desentupia [pausa] e o moinho
[91]
INF1 E agora a agulha que é para eu dizer ao senhor a agulha , a gente se queria a farinha mais fina, a gente dava na cunha [pausa] para fora;
[92]
s- se ele o freguês se queria a farinha a farinha mais redonda, a gente dava na cunha para dentro, para fazer a fi- a farinha mais grossa.

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