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Ponta Garça, excerto 16

LocationPonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Anacreonte Amílcar Amós
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 Anacreonte.
[2]
INF1 [vocalização] Cinquenta e do- Sessenta e dois.
[3]
INF1 Sim senhor.
[4]
INF1 Eu É sim senhora.
[5]
, [pausa] Trabalhei em moleiro e em barroqueiro.
[6]
E eu agora sou camponês.
[7]
INF1 Ele [vocalização] A gente trabalhava com umas bestas, a acartar madeira, a acartar enchimento para as estufas.
[8]
INF1 [vocalização] Sim senhor.
[9]
Ou arreeiro.
[10]
A gente trata o [vocalização] o barroqueiro é um arreeiro.
[11]
INF1 É sim senhora.
[12]
É a mesma coisa.
[13]
[vocalização] A gente ia tirar queiró para o mato [pausa] que era para as estufas.
[14]
E depois, [vocalização] o moleiro é [pausa] bater às portas de dos fregueses para levar as saquinhas para o moinho.
[15]
É o que a gente fazia.
[16]
INF1 Era moinho de água.
[17]
INF1 Que era
[18]
Era de de fazer a papa de carolo.
[19]
INF1 Era o o moinho de mão.
[20]
A gente tratava o moinho de mão.
[21]
INF1 Isso é o moinho de vento.
[22]
INF2 Tafona.
[23]
INF1 Não, não é tafona.
[24]
Isso é o moinho de vento.
[25]
É o que a gente tratava o moinho de vento.
[26]
INF2 Tafona é com uma besta dentro de uma casa que não se fecha.
[27]
INF1 Não.
[28]
INF2 O moinho de vento é fora.
[29]
O moinho de vento, o vento é que f- está girando.
[30]
Agora dentro duma casa é uma tafona.
[31]
um um animal, uma burra ou um burro, puxando aquilo
[32]
INF1 Ah, e é uma tafona!?
[33]
Não, uma tafona
[34]
INF2 É uma tafona.
[35]
INF3 Então tu não te lembras disso?
[36]
INF1 Não.
[37]
Não me alembro disso.
[38]
Das tafonas, eu não me lembro.
[39]
INF2 Não.
[40]
INF2 Não senhor.
[41]
Não senhor.
[42]
INF1 Havia aqui no Pico
[43]
mas eu não me lembro dele de esse moinho moer.
[44]
Eu não me lembro de ele moer.
[45]
INF2 O meu irmão lembra-se.
[46]
Aquele meu irmão lembra-se dele aqui mais acima.
[47]
Andando por esse caminho fora havia um moinho de vento.
[48]
Ainda está as paredes.
[49]
Ainda estão as paredes.
[50]
Mas eu não me lembro de o moinho andar.
[51]
INF1 Aquilo ele ele vinha era numa levada.
[52]
Vinha do nascimento,
[53]
a gente fazia a levada
[54]
e chegava ao que a gente trata o cubo.
[55]
E depois em baixo faziam a, com bocados de madeira, a fecharia do moinho, que era para sair conforme a água
[56]
Conforme a água:
[57]
se fosse muita água, [vocalização] trabalhava com três dedos,
[58]
se fosse pouca, trabalhava com dois, que é para dar a força no penado [pausa] que é para ele para a pedrinha andar de roda para ele para o moer, para como é que se diz? para moer o milho, para fazer farinha.
[59]
INF1 Era sim senhor.
[60]
INF1 É a fecharia do moinho.
[61]
INF1 É,
[62]
a fecharia do moinho [pausa] que a gente
[63]
INF1 Era sim senhora.
[64]
Aquilo era a fecharia que a gente fazia com madeira.
[65]
Com a pressão da, d- do cubo, que era alto, [vocalização] fazia aquela pressão que saía com muita força que era para [pausa] para bater no penado, que é para andar de roda, que era para para moer o milho, para fazer farinha.
[66]
INF1 [vocalização] O penado é uma roda que é que está em baixo, de madeira [pausa] com penas que a gente tratava o penado.
[67]
É com penas de madeira que a gente fazia.
[68]
Trabalhava com pedras de ferir lume em baixo, assim.
[69]
INF1 [vocalização] Uma pedra de ferir lume, [pausa] que a gente achava no Calhau.
[70]
Naquelas pedras que ele a gente faziam um buraquinho botavam um em cima e outro em baixo.
[71]
Que a gente A de ci- A de baixo, chamavam a reles,
[72]
e a de cima era o aguilhão [pausa] que andavam naquela outra [pausa] que era para o para o penado andar ali
[73]
INF1 A reles
[74]
e o e o de cima era o aguilhão.
[75]
INF1 Ele ficava [vocalização] como é que se diz? na ponte.
[76]
A gente tratava a ponte.
[77]
E depois tem aqui [vocalização] tem aqui o espojadouro
[78]
e tem uma agulha, que era de alevantar a pedra e de abaixar.
[79]
INF1 O espojadouro era de a gente desencravar o moinho que tinha um desencravador.
[80]
um prego com uma varinha, um prego desses grandes,
[81]
a gente tinha o buraco que a gente tratava o espojadouro,
[82]
quando o moinho encravava, a gente [pausa] chegava à fecharia,
[83]
dava assim com o prego,
[84]
saía a [vocalização] aquelas espadas ou coisa,
[85]
o moinho começava a trabalhar.
[86]
INF1 É quando Sim senhor.
[87]
E chegava ali se era se não podia sair,
[88]
tapava aquele buraquinho.
[89]
A gente ia com o prego
[90]
[pausa] e aquilo desentupia [pausa] e o moinho
[91]
INF1 E agora a agulha que é para eu dizer ao senhor a agulha , a gente se queria a farinha mais fina, a gente dava na cunha [pausa] para fora;
[92]
s- se ele o freguês se queria a farinha a farinha mais redonda, a gente dava na cunha para dentro, para fazer a fi- a farinha mais grossa.

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