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Ponta Garça, excerto 45
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INF1 A gente, primeiro, a gente temos uma urdideira [pausa] donde a gente levam [vocalização] …
Eu ponho ali na servidão, porque é preciso um campo grande.
Os rapazes tiram-me a carrinha para fora
e eu, ali na servidão, eu ponho um [vocalização] , quer dizer, um uma grade.
Até para se mostrar se [vocalização]…
A gente mesmo chamam aquilo a urdideira.
INF1 Aquilo é a urdideira.
INF2 [vocalização] Eu começo a urdir…
A gente, antigamente, a gente tinha era um [vocalização] caixote deste tamanho com doze [vocalização] quadradinhos, porque [vocalização] a gente ali punha era [vocalização] cada novelo em si.
Mas eu [vocalização] nunca quis fazer, porque os fios pegavam muito.
Eu ia urdir para casa da senhora Andrelina.
e o que é que eu inspirei?
Agora a gente [vocalização] compram,
Porque a gente era meadas que a gente compravam.
A gente levavam à dobadoura [pausa] que era para dobar…
Ele agora vendem é umas cepolas de linha.
[pausa] E eu, com aquelas cepolas, eu ponho doze,
[vocalização] às vezes, eu ponho as garrafas de gás, ou coisa.
Ah, o restelo também está ali.
Que eu até pensei [vocalização] …
e começo a urdir com a espadilha que é como uma faca grande, tudo cheio de buraquinhos, aquilo.
Agora, eu sempre fui puxando, [pausa] quer dizer, não só aquilo que me ensinaram – porque eu não nasci aprendida, foi uma senhora que me ensinou…
Ela urdia com doze novelos.
E eu, tu- [vocalização] para ser mais prático para mim, encurtecendo sempre o serviço, eu fui [vocalização]…
Porque o meu pai é que me fez aquela espadilha;
e ele, quando me fez aquela espadilha, ele pôs mais buraquinhos, mais furinhos.
E ele [vocalização] E a minha mãe disse assim: "Para que será que estás fazendo isso à rapariga"?
E ele disse: "Ah, nunca se sabe para o que é que é preciso".
E eu agora vou-me aumen- fui aumentando sempre um fio, sempre um fio…
Porque a gente temos as nossas contas aqui todas.
Era doze fios para passar aqui e tudo, pronto.
[vocalização] E eu fui sempre pondo um fio até que eu já vou até [vocalização] dezasseis [vocalização] novelos.
Em lugar de eu pôr [vocalização] doze, eu ponho dezasseis,
eu faço três cabrestilhos
Em lugar de eu fazer quatro cabrestilhos, eu faço três
e a conta dos fios já me dá [vocalização] aquilo que eu [vocalização]…
Quer dizer, [vocalização] fazendo sempre o serviço, mas [vocalização] 'encurtecendo-me' sempre o serv- o trabalho.
A gente quando tem o [vocalização], a a [vocalização] teia urdida, [pausa] com a largura da [vocalização] da haste e do liço, eu faço uma meada.
Ponho numa [vocalização] numa pana ou num saco plástico – naquilo que a gente entende –
e [vocalização] trago para aqui.
Aqui é preciso três pessoas para [vocalização]
Até, noutro dia, eu disse à rapariga: "Tu hás-de ver se me tiras algumas fotografias.
[pausa] A gente carregando".
[vocalização] Quer dizer, eu estou a ver que devia ficar sem esse serviço, porque não posso.
E eu, isto, eu adoro isso.
[pausa] mas [vocalização] aqui o bocadinho que eu estou, eu penso até que não me faz mal.
mas eu penso que não faz, porque eu gosto muito disso.
Sei fazer os meus pontinhos,
E eu não sei se aquele senhor sabe muito bem – que a gente tem a nossa vida –, trabalhavam muito pelas terras!
INF2 Então não trabalhavam?!
[vocalização] Antigamente, as mulheres iam olhando pelas terras.
INF1 A gente trabalhavam muito pelas terras,
mas a minha mãe [pausa] sempre nos deixou aprender aquilo que a gente desejavam!
Tanto eu como as minhas ir-.
A minha irmã Andresa também sabe tecer.
Ela ficou foi doente da coluna
e deixou porque ela vinha…
Porque ela não sabe muito bem urdir.
E depois ela não sabe dividir as cores.
Punha tudo à maneira dela [vocalização] de ela tecer.
E ela, ela ganhou um bom dinheirinho aqui.
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