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Ponta Garça, excerto 54

LocationPonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
SubjectO linho, a lã e o tear
Informant(s) Andreia
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF Ah, a gente chamam é [vocalização] o [vocalização] o rolo.
[2]
INF É.
[3]
INF É.
[4]
Porque a gente quando vão descarregando daqui do órgão, a gente vão passando é para o rolo.
[5]
INF Pois.
[6]
A gente aqui não podem tecer com muita altura.
[7]
INF A gente quando tem aqui uns dois metros… [pausa] enrolado, a gente já não podem tecer mais porque isso fica muito alto.
[8]
INF E a gente desenrolam
[9]
e passem…
[10]
[pausa] A gente fazem assim:
[11]
eu, agora, eu vou tirar uma tirada, que é…
[12]
INF A tirada é para trás.
[13]
E eu, agora, eu vou desenrolar o rolo [pausa] – que ele mesmo estava para tirar.
[14]
INF A gente passam-lhe a vara assim [pausa] até aqui a uma certa altura.
[15]
INF A varinha, a gente passam-na para aqui.
[16]
A gente acertam pouco mais ou menos aqui o coisa,
[17]
e a gente tornam,
[18]
medem,
[19]
passam aqui [pausa]
[20]
INF nos dedos, porque a gente tem aqui as nossas [vocalização] coisas.
[21]
E a gente enrolam de novo.
[22]
Estou enrolando porque eu já tirei a tirada.
[23]
[pausa] Está pronto a a gente começar outra vez ele [vocalização] a tecer.
[24]
A gente chamam isso é as cordas.
[25]
INF É o que prende a chave de daqui da parte de trás.
[26]
Agora a gente, ele puxam isso para trás ou coisa
[27]
[pausa] e a gente vem aqui,
[28]
fazem o rolo.
[29]
INF Essa, isso já está acabando.
[30]
INF É.
[31]
A gente estão acabando.
[32]
E mesmo a teia [pausa] tem ali só mais uma manta.
[33]
INF Ele [vocalização], ele está aí marcado.
[34]
Isso é um lacinho que eu ponho aí, porque, às vezes, se eu levo muito tempo a tecer e se eu me despercebo…
[35]
É porque é:
[36]
a gente quando era mantas, a gente sabem que estão tecendo uma manta são dois ramos.
[37]
Mas como há uma que quer dois metros,
[38]
outra quer cinco metros, e a gente temos a nossa medida ali…
[39]
Quando a gente urde – a gente chamam aquilo é [pausa] o ramo –, a gente sabem quantos ramos botam ali.
[40]
Eu costumo a carregar sempre [pausa] dez mantas e meia.
[41]
São vinte e um ramo.
[42]
INF Para cada manta.
[43]
INF Mas como a gente agora há uma que quer um bocado de passadeira e outra quer [vocalização] uma carpete que leva só dois metros e outra quer [vocalização] metro e meio por metro e meio, e eu para não me desperceber
[44]
INF quando eu che-, é o [vocalização] , quando eu começo a enrolar aí – quando a gente começam a carregar –, eu carrego um ramo.
[45]
Assino-o logo, que é donde está aí esse assinozinho.
[46]
A isso ainda não chegou porque eu estou acabando essa manta e ainda me fica mais um raminho.
[47]
INF É dois metros e vinte cinco.
[48]
INF Um metro e doze.
[49]
INF É duas varas.
[50]
Duas varas, ele [pausa] é uma manta.
[51]
Mas há pessoas que, como as a- as camas agora [pausa]
[52]
INF são maiores, elas pedem-me que querem com mais [vocalização] medida.
[53]
INF Eu faço da maneira que a pessoa quer.
[54]
INF Agora largura, [pausa] eu não posso fazer mais do que esse.
[55]
INF Que isso dá oitenta e [vocalização] cinco centímetros ou lá o que é.
[56]
Mas eu tenho de cinquenta centímetros
[57]
e tenho de sessenta.
[58]
Porque ele [vocalização] talho-as então pelo lado de dentro.
[59]
Eu tenho mais hastes;
[60]
não é só essa.
[61]
INF E isto é tudo,
[62]
ele [vocalização] tanto o liço, como a haste, eu é que faço tudo com a minha mão.
[63]
Ele esse trabalho não é ninguém que o faça,
[64]
eu é que sei fazer tudo.

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