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São Lourenço da Montaria, excerto 6

LocalidadeSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Anselmina

Text: -


[1]
INF Est- Não.
[2]
Trabalhava.
[3]
Ele trabalhava de carpinteiro não é?
[4]
e logo foi para Lisboa.
[5]
Ele morreu-me em Lisboa.
[6]
INF Trabalhava em Lisboa.
[7]
Trabalhava em carpintaria.
[8]
Morreu em Lisboa.
[9]
Naquele tempo ficou, coitado não havia meios de o poder trazer.
[10]
Naquele tempo o ordenado dele também era pequenito.
[11]
Pronto, ficou no, [pausa] no hospital do [pausa] de São João parece que foi.
[12]
INF No cemitério de São João.
[13]
É assim a vida.
[14]
Vamos andando,
[15]
[pausa] que ele vai e eu não tardarei a ir também.
[16]
INF Ai, ai!
[17]
Olhe que eu Olhe que eu estive [vocalização]
[18]
Foi ali pelo Carnaval que me deu uma colite que eu [vocalização] tive o meu filho teve de ir comigo às onze horas da noite para o hospital para Viana.
[19]
E adiante, isto foi n- na terça-feira à noite foi no dia de no dia tre- treze de Fevereiro e na quinta-feira tornou-me a dar
[20]
e tiveram de ir outra vez comigo para Âncora para o doutor.
[21]
E ainda estou a dieta,
[22]
que eu ainda não como
[23]
Estou a comer de dieta.
[24]
INF Ai, ai!
[25]
Uma colite que me deu que quase morria!
[26]
INF Pois, pois é isso.
[27]
INF Nada, eu nada.
[28]
Elas bem compram, coitadas.
[29]
Eu digo: "Vocês têm de comprar "
[30]
Trazem-me um bocado de carne
[31]
e eu meto-a no frigorífico que eu não tenho, mas tem a minha nora
[32]
e vou-a pôr
[33]
e vou tra- trazendo aos bocadinhos,
[34]
cozo-a cozidinha.
[35]
Tem de ser tudo cozido.
[36]
Não posso comer nada
[37]
INF Não posso comer nada [vocalização] estrugido.
[38]
De estrugido nadinha!
[39]
Tudo ou grelhado ou cozido.
[40]
Mas, [vocalização] então!
[41]
INF Sim.
[42]
Sustento-me bem.
[43]
[pausa] Eu como ando pouco
[44]
Até hoje, até quando ia buscar um bocado da carne que eu logo parto-a aos bocadinhos e ponho cada qual bocadinho na sua saquinha para [pausa] para, trago um bocadinho daquela saquinha para não estar a abrir a saca e a partir , hoje quando ia buscar , a minha nora não estava na casa, tinha saído.
[45]
E: "Pois e agora o que faz de comer"?
[46]
E eu digo: "Ai, eu faço muito bem para mim"!
[47]
Fiz ali a minha sopinha,
[48]
botei-lhe uma batata,
[49]
ralei-a ,
[50]
botei-lhe uma manadinha de arroz,
[51]
botei-lhe uma cenourinha cortadinha,
[52]
botei-lhe um bocadinho de azeite
[53]
e [vocalização] e logo ainda botei uma couvinha desta penca, cortadinha, cortadinha.
[54]
Olhe e tenho
[55]
Comi ao meio-dia
[56]
e tenho para a noite.
[57]
Pronto, tenho a minha comida feita!
[58]
INF Sim, para o dia todo.
[59]
E passo bem.
[60]
A gente chegamos a uma certa idade que a gente come menos.
[61]
[pausa] Sustenta-se com pouco.
[62]
Eu de manhã bebo um gole de cevada
[63]
e estou inté ao meio-dia.
[64]
Não como também.
[65]
INF Não como de manhã.
[66]
Mesmo quando me deram comprimidos para tomar agora quando estive assim, tinha de tomar dois [vocalização] ao almoço, ao meio do almoço.
[67]
E depois tomava um às dez horas [pausa] do dia.
[68]
E depois tomava outro antes de do comer ao meio-dia.
[69]
E depois ao meio do comer a m- a meia hora antes do comer e logo ao meio do comer dois.
[70]
E depois de tarde outro, [pausa] às sete da tarde.
[71]
E an- [vocalização] E antes do comer, meia hora, outro.
[72]
E depois ao meio do comer outra vez.
[73]
Mas eu de manhã não comia,
[74]
não os tomava.
[75]
Sim, os de de manhã tomava o que tomava às dez horas,
[76]
o mais não tomava mais nenhuns que não comia.
[77]
Bebo o gole da cevada
[78]
Pronto, estou!
[79]
[vocalização] A gente passa.
[80]
Chega-se a uma certa idade a gente está feito,
[81]
a gente não precisa de muito comer.
[82]
É assim.

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