Representação em frases

São Lourenço da Montaria, excerto 7

LocalidadeSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Anselmina

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[1]
INF Não fiquei cansada nada!
[2]
De quê?
[3]
De estar sentada?
[4]
[vocalização] Ou de falar?
[5]
Isso falar foi sempre o costume de falar, [pausa] não ?
[6]
Eu tenho ali o o meu irmão, que está numa casa também ali à frente,
[7]
e hoje a cunhada viu a a minha rapariga,
[8]
disse: "Ó Antónia! O [vocalização] padrinho viu aquela carrinha [vocalização] ali,
[9]
que gente era"?
[10]
a carrinha ali.
[11]
[vocalização] Ele a Antónia contou-lhe,
[12]
a minha filha contou-lhe.
[13]
"Ai Jesus"!
[14]
Ela é assim muito
[15]
"Olha se é gente se são ladrões [vocalização] que andam a ver"
[16]
Diz-lhe a Antónia: "Ó [vocalização] madrinha Antonieta, não diga uma coisa dessas.
[17]
Você se os visse falar"
[18]
Mas é.
[19]
É porque ela é muito desconfiada, sabe?
[20]
Eu [pausa] nunca desconfio de nada.
[21]
Nem, nem E bondava olhar para vocês.
[22]
[vocalização] As Conhece-se bem
[23]
Conhece-se bem a gente!
[24]
[vocalização] Porque ela é um bocadinho
[25]
INF ?
[26]
INF Mora ali à frente.
[27]
INF Não, não.
[28]
O meu filho não trabalha.
[29]
O meu filho é o tais que tem ali a casa nova
[30]
Tenho um irmão que tem a casa dele ali adiante, também, e a cunhada.
[31]
E o meu filho inté ainda não tem o lugar fechado.
[32]
Esse é que é o sargento.
[33]
Está na Madeira agora.
[34]
É sargento de do exército.
[35]
INF É,
[36]
é esse.
[37]
Esse também está com um bom ordenado:
[38]
está com [pausa] vinte contos, ou vinte e tal.
[39]
Agora tira mais porque foi
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[vocalização] Mudou-se para a
[41]
Foi para a Madeira uns meses [pausa] porque senão tinha de se mudar
[42]
Ele tinha de sair do Porto uns di- uns meses, não era?
[43]
Se não fosse para a Madeira
[44]
Porque ele viveu muito tempo na Madeira.
[45]
Foi acabar a tropa à Madeira,quando serviu a tropa.
[46]
E depois ficou a trabalhar
[47]
também trabalha de de carpinteiro ,
[48]
ficou a trabalhar.
[49]
Bom, namorou uma rapariga,
[50]
casou , não é?
[51]
Casou,
[52]
inté nem me mandou dizer nada nem
[53]
Eu, às vezes, escrevia-lhe
[54]
, e nem nem mandava dizer
[55]
Às vezes, eu digo: "Eu queria ter uma pessoa de de conhecimento na Madeira para saber a tua vida", não é?
[56]
Porque, claro, estava, não me ajudava nada
[57]
porque acabou a tropa e não ajudava nadinha
[58]
E eu sabe Deus aqui!
[59]
É que tive a minha falecida mãe ainda na cama cinco meses, quase os seis
[60]
E [vocalização] sabe Deus como se a gente via, não é?
[61]
E ele nada.
[62]
Não Não me contava nadinha.
[63]
Escrevia era tr-r-r.
[64]
passado tempo é que soube, então.
[65]
ele tinha três filhos: duas rapariguinhas gé- gémeas são as mais velhas, essas têm quinze anos, são umas moças e um rapazito [pausa] que agora tem-no também no seminário, em [vocalização] Braga, a estudar.
[66]
E logo teve outra rapariguinha mais nova que essa tem-na no Porto, no colégio no Porto.
[67]
Pô-los todos assim, coitadinhos,
[68]
[vocalização] estão.
[69]
Ele logo veio para .
[70]
A vida é assim.
[71]
Veio para
[72]
tocou-lhe a vir para o Porto.
[73]
Ele no Porto, a mulher ficou com os filhos
[74]
Adiante teve de ir para Angola
[75]
que foi no tempo que Angola estava
[76]
que teve de ir para alá também ,
[77]
foi promovido para ,
[78]
pediu-me se aceitava aqui a mulher e os filhos.
[79]
Eu disse-lhe que sim.
[80]
Tinha de desocupar a [vocalização] a casa na Madeira, que era do do exército.
[81]
Adiante veio-me a mulher trazer as três meninas
[82]
e o menino deixou-o .
[83]
Eh, que tinha de ir outra vez que o menino tinha de ser operado à garganta, as anginas, não sei o quê.
[84]
Digo eu
[85]
ela chamava-se Antonina ,
[86]
digo: "Ó Antonina, você escreva-me que eu quero saber como o menino está".
[87]
"Eh, não tenha medo,
[88]
é ao chegar ".
[89]
Escreveram-me os senhores?
[90]
Assim me ela escreveu.
[91]
"Mas você quando quando escrever ao Antero" que ele o [vocalização] o apelido do meu filho é, [pausa] é é Cirano Antero "quando escrever ao Antero não não lhe diga que eu que tornei para a Madeira".
[92]
Eu, ele escreveu,
[93]
eu escrevi-lhe
[94]
e mandei-lhe dizer que tinha chegado a Antonina com os meninos;
[95]
não lhe expliquei mais nada.
[96]
[vocalização] Adiante me ele responde à carta.
[97]
Diz: "Minha mãe, mandou-me dizer que a Antonina tinha chegado com os meninos.
[98]
Mas eu tive carta da Madeira donde me disseram que ela que andava a passear.
[99]
Mande-me dizer se levou os filhos, se deixou, se levou os míudos ou deixou-os consigo.
[100]
Conte-me a verdade"!

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