R&D Unit funded by

Sentence view

São Lourenço da Montaria, excerto 7

LocationSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Anselmina
SurveyALEPG
Survey year1981
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo, Ana Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -


showing 1 - 100 of 179 • next


[1]
INF Não fiquei cansada nada!
[2]
De quê?
[3]
De estar sentada?
[4]
[vocalização] Ou de falar?
[5]
Isso falar foi sempre o costume de falar, [pausa] não ?
[6]
Eu tenho ali o o meu irmão, que está numa casa também ali à frente,
[7]
e hoje a cunhada viu a a minha rapariga,
[8]
disse: "Ó Antónia! O [vocalização] padrinho viu aquela carrinha [vocalização] ali,
[9]
que gente era"?
[10]
a carrinha ali.
[11]
[vocalização] Ele a Antónia contou-lhe,
[12]
a minha filha contou-lhe.
[13]
"Ai Jesus"!
[14]
Ela é assim muito
[15]
"Olha se é gente se são ladrões [vocalização] que andam a ver"
[16]
Diz-lhe a Antónia: "Ó [vocalização] madrinha Antonieta, não diga uma coisa dessas.
[17]
Você se os visse falar"
[18]
Mas é.
[19]
É porque ela é muito desconfiada, sabe?
[20]
Eu [pausa] nunca desconfio de nada.
[21]
Nem, nem E bondava olhar para vocês.
[22]
[vocalização] As Conhece-se bem
[23]
Conhece-se bem a gente!
[24]
[vocalização] Porque ela é um bocadinho
[25]
INF ?
[26]
INF Mora ali à frente.
[27]
INF Não, não.
[28]
O meu filho não trabalha.
[29]
O meu filho é o tais que tem ali a casa nova
[30]
Tenho um irmão que tem a casa dele ali adiante, também, e a cunhada.
[31]
E o meu filho inté ainda não tem o lugar fechado.
[32]
Esse é que é o sargento.
[33]
Está na Madeira agora.
[34]
É sargento de do exército.
[35]
INF É,
[36]
é esse.
[37]
Esse também está com um bom ordenado:
[38]
está com [pausa] vinte contos, ou vinte e tal.
[39]
Agora tira mais porque foi
[40]
[vocalização] Mudou-se para a
[41]
Foi para a Madeira uns meses [pausa] porque senão tinha de se mudar
[42]
Ele tinha de sair do Porto uns di- uns meses, não era?
[43]
Se não fosse para a Madeira
[44]
Porque ele viveu muito tempo na Madeira.
[45]
Foi acabar a tropa à Madeira,quando serviu a tropa.
[46]
E depois ficou a trabalhar
[47]
também trabalha de de carpinteiro ,
[48]
ficou a trabalhar.
[49]
Bom, namorou uma rapariga,
[50]
casou , não é?
[51]
Casou,
[52]
inté nem me mandou dizer nada nem
[53]
Eu, às vezes, escrevia-lhe
[54]
, e nem nem mandava dizer
[55]
Às vezes, eu digo: "Eu queria ter uma pessoa de de conhecimento na Madeira para saber a tua vida", não é?
[56]
Porque, claro, estava, não me ajudava nada
[57]
porque acabou a tropa e não ajudava nadinha
[58]
E eu sabe Deus aqui!
[59]
É que tive a minha falecida mãe ainda na cama cinco meses, quase os seis
[60]
E [vocalização] sabe Deus como se a gente via, não é?
[61]
E ele nada.
[62]
Não Não me contava nadinha.
[63]
Escrevia era tr-r-r.
[64]
passado tempo é que soube, então.
[65]
ele tinha três filhos: duas rapariguinhas gé- gémeas são as mais velhas, essas têm quinze anos, são umas moças e um rapazito [pausa] que agora tem-no também no seminário, em [vocalização] Braga, a estudar.
[66]
E logo teve outra rapariguinha mais nova que essa tem-na no Porto, no colégio no Porto.
[67]
Pô-los todos assim, coitadinhos,
[68]
[vocalização] estão.
[69]
Ele logo veio para .
[70]
A vida é assim.
[71]
Veio para
[72]
tocou-lhe a vir para o Porto.
[73]
Ele no Porto, a mulher ficou com os filhos
[74]
Adiante teve de ir para Angola
[75]
que foi no tempo que Angola estava
[76]
que teve de ir para alá também ,
[77]
foi promovido para ,
[78]
pediu-me se aceitava aqui a mulher e os filhos.
[79]
Eu disse-lhe que sim.
[80]
Tinha de desocupar a [vocalização] a casa na Madeira, que era do do exército.
[81]
Adiante veio-me a mulher trazer as três meninas
[82]
e o menino deixou-o .
[83]
Eh, que tinha de ir outra vez que o menino tinha de ser operado à garganta, as anginas, não sei o quê.
[84]
Digo eu
[85]
ela chamava-se Antonina ,
[86]
digo: "Ó Antonina, você escreva-me que eu quero saber como o menino está".
[87]
"Eh, não tenha medo,
[88]
é ao chegar ".
[89]
Escreveram-me os senhores?
[90]
Assim me ela escreveu.
[91]
"Mas você quando quando escrever ao Antero" que ele o [vocalização] o apelido do meu filho é, [pausa] é é Cirano Antero "quando escrever ao Antero não não lhe diga que eu que tornei para a Madeira".
[92]
Eu, ele escreveu,
[93]
eu escrevi-lhe
[94]
e mandei-lhe dizer que tinha chegado a Antonina com os meninos;
[95]
não lhe expliquei mais nada.
[96]
[vocalização] Adiante me ele responde à carta.
[97]
Diz: "Minha mãe, mandou-me dizer que a Antonina tinha chegado com os meninos.
[98]
Mas eu tive carta da Madeira donde me disseram que ela que andava a passear.
[99]
Mande-me dizer se levou os filhos, se deixou, se levou os míudos ou deixou-os consigo.
[100]
Conte-me a verdade"!

Edit as listText viewSentence view