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Melides, excerto 8

LocationMelides (Grândola, Setúbal)
SubjectA agricultura
Informant(s) Galeno Graciosa
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Celeste Augusto
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Não se admirem porque as cooperativas, não tenho-lhe a certeza que a maior parte, se andam cinquenta, dez é que fazem pela vida.
[2]
Olhe que eu sozinho está a minha mulher que sabe e muita gente eu sei o que é que sofria.
[3]
Ia daqui, por exemplos, a estas horas,
[4]
ia atar trigo até à meia-noite, uma hora [pausa] da noite;
[5]
no outro dia de manhã, ia para logo cedo
[6]
e quando chegava a hora vinha-me embora para o trabalho
[7]
e voltava para .
[8]
Olhe que eu acabei unicamente de trabalhar
[9]
e não tirava um tostão.
[10]
[pausa] Está a perceber?
[11]
INF1 Isso a agricultura é muito de resolver.
[12]
[vocalização] A maneira melhor que tem de resolver a agricultura era nesta sistema ser, por exemplos pessoas que não gostam de eu dizer isto, não é? nesta sistema: "Tens possibilidades para cultivar vinte hectares?
[13]
É estes vinte que tu cultivas.
[14]
Tens possibilidades para cultivar cinquenta,
[15]
cultivas estes;
[16]
se tens para cem, é para cem".
[17]
Assim é que se isto poderia fazer alguma coisa.
[18]
INF1 E ainda dentro disso ainda havíamos de ter umas pessoas [pausa] que tivessem inteligência para isso e dizer assim: "Pissst!
[19]
Esta terra duas searas no ano;
[20]
[pausa] esta três;
[21]
esta uma seara
[22]
e é desta qualidade".
[23]
INF1 Não é como as pessoas estão a fazer hoje em dia.
[24]
INF1 A terra onde nem sequer aveia que é a semente mais ruim que nós temos põem trigo!
[25]
INF1 Acabam unicamente de fazer a despesa
[26]
e não tiram nenhum, sabe.
[27]
INF1 Porque eu sei conhecer essas coisas todas.
[28]
INF1 Desde gaiato pequeno fui logo [vocalização]
[29]
Achava uma espiga de trigo,
[30]
eu semeava-a!
[31]
[pausa] Se se criava aquele triguinho, no outro ano experimentava a semear.
[32]
dava-me quase meio litro.
[33]
INF1 E fui sempre com a cegueira de semear.
[34]
Portanto, agora, eu semeio batata, semeio feijão.
[35]
Aqui não semeio trigo porque as terras não se prometem, não é?
[36]
INF1 E na E aqui é uma coisa:
[37]
nem uma máquina temos para cultivar isto, não é?
[38]
A gente agora vai falar a uma pessoa para vir fazer.
[39]
E vai fazer o quê?
[40]
INF1 A pessoa não quer, não é?
[41]
[pausa] As pessoas não querem.
[42]
As pessoas habilitaram-se a esta coisa do emprego
[43]
e vão
[44]
INF1 Um homem ganha aqui uns trezentos escudos.
[45]
INF1 Pois.
[46]
INF1 Pois.
[47]
Ganham trezentos escudos.
[48]
sítios que é para duzentos e cinquenta, mas mais ou menos
[49]
INF1 Pois, mais ou menos, é o A tabela disso, mais ou menos, é os trezentos escudos, não é?
[50]
De forma que isto é assim.
[51]
Tratar dumas árvores, também a gente faz muita diferença.
[52]
Olhe estas árvores que estão aqui, se fossem tratadas por mim que eu não tenho vagar , começo-lhe a dar uma limpezazinha
[53]
Mas é assim,
[54]
é como as senhoras sabem,
[55]
isto não é meu.
[56]
INF1 Eu amanhã posso não estar aqui;
[57]
os donos, por qualquer coisa, não engraçarem comigo
[58]
e eu tenho que ir para a rua.
[59]
Isto não é meu.
[60]
INF1 Isto não é meu
[61]
e eu não pago nada de aqui estar.
[62]
Eu estou aqui pelo amor de Deus, como diz o advogado.
[63]
INF1 Se não paga nada, está pelo amor de Deus.
[64]
E então eu quanto mais trabalho, dentro disto que não é meu, mais perco, não é?
[65]
INF1 As pessoas dizem assim: "Ah! Não paga nada".
[66]
Ora não pago.
[67]
Venho Venho de ,
[68]
venho trabalhar,
[69]
os fins-de-semana venho trabalhar.
[70]
Acabo por pagar uma renda grande à
[71]
mesma e não tiro nenhum,
[72]
está a perceber?
[73]
INF1 O que é é que se tiro umas batatas, para mim comer; se tiro um feijão, para mim comer.
[74]
E então, com o ordenado que tenho para eu, mais ou menos, me manter mais a minha família.
[75]
INF1 Pois.
[76]
Que a gente tem que fazer assim.
[77]
INF1 Faz sete [pausa]
[78]
INF1 agora no dia 22 de Agosto.
[79]
INF1 Sim.
[80]
INF1 Não.
[81]
INF2 Trabalhava, umas vezes por aqui, outras vezes por ali.
[82]
INF1 Pois, tratava de
[83]
INF1 , , , .
[84]
INF2 Pois.
[85]
INF1 Cavar, lavrar, mondar, semear adubo, semear trigo,
[86]
INF1 mondar arroz, semear arroz, tirar-lhe a água, pôr-lhe a água, [pausa] tudo coisas assim.
[87]
INF1 Isso é tudo coisas que
[88]
INF1 Tanto que eu acabei de dizer às senhoras: eu faço de tudo um pouco,
[89]
é é tudo mal feito.
[90]
Não sou artista nenhum.
[91]
Não tenho tempo de aprender nada.
[92]
INF1 O gajo fez a quarta classe
[93]
e não quis estudar mais!
[94]
INF2 Eles e depois quando forem maiores, vão-se logo
[95]
Foi o mesmo que o outro.
[96]
O outro chegou ao segundo não quis mais, o mais velho que eu tenho.
[97]
Está no parque de campismo, ali em baixo.
[98]
INF2 O pai diz: "Ah! Que mais não Que mais não seja, gostava que fizesses o o quinto ano".
[99]
INF1 Vamos mostrar as flores da minha senhora.
[100]
INF2 "Ah! Eu estou farto de estudar!

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