Representação em frases

Melides, excerto 9

LocalidadeMelides (Grândola, Setúbal)
AssuntoAs árvores
Informante(s) Galeno Graciosa

Texto: -


[1]
INF1 Quando eu vim para aqui, estas árvores estava quase tudo morto.
[2]
Diziam-me as pessoas assim: "Ó senhor Galeno, então, [pausa] pode essas árvores"!
[3]
Eu dizia: "Não senhor. Não se mexe nas árvores.
[4]
Feridas demais elas têm.
[5]
E então deixa-se sarar as feridas primeiro
[6]
e depois é que se limpa".
[7]
INF1 Porque nós se cortarmos um dedo todos os anos, todos os anos, é um caso sério, não é?
[8]
INF1 E a árvore,
[9]
diz-se: "É árvore, não se dói"!
[10]
Dói-se, sim senhor!
[11]
INF1 Deixa-se primeiro folgar um ano ou dois
[12]
e depois é que se trata delas, não é?
[13]
Porque eu fui para um pomar que estava morto.
[14]
Quando de saí, [vocalização] o pomar era pequeno,
[15]
mas nessa altura valia trinta e tal contos, a laranja.
[16]
E quando eu fui para , a laranja valia um conto e quarenta e dois e quinhentos.
[17]
Está a ver, aqui na praça
[18]
INF2 Nem tinha sequer uma folha verde.
[19]
Eram aqueles troços secos.
[20]
INF1 É que não tinha uma folha verde.
[21]
INF2 Quando a gente de abalou era um mimo de quinta!
[22]
Pois.
[23]
INF1 E o dono disse-me assim então quando eu fui para : "O senhor depois uma limpezazinha a essas árvores".
[24]
"Isso é que eu não faço!
[25]
Se o senhor quer que eu que eu cabo delas, que as acabe de matar, é ir limpá-las agora nesta altura.
[26]
Deixe-as tomar força primeiro que depois a árvore tem a força e sara a ferida de repente".
[27]
INF1 Pois.
[28]
Isto é mal comparado:
[29]
[vocalização] a gente quando somos novos, damos um golpe, com [vocalização], afinal, qualquer coisa assim aqui.
[30]
A gente cura sempre mais depressa que quando temos uma certa idade.
[31]
INF1 Porque não fica estas cicatrizes assim.
[32]
INF1 Pois.
[33]
A carne cresce.

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